Cotidiano

A complexa vida do empreendedor carioca para sobreviver

O ecossistema para o empreendedor carioca se desenvolver está cada vez mais complexo. É o que conclui o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), um estudo feito pela ONG Endeavor. O município perdeu quatro posições no índice: a capital fluminense, que aparecia em 10º lugar no ano passado, agora está na 14ª posição entre as 32 regiões. No levantamento, o Rio está atrás de cidades como Maringá (PR) e Vitória (ES).

A pesquisa avalia 60 indicadores em sete pilares: ambiente regulatório, infraestrutura, desenvolvimento econômico, inovação, capital humano e cultura empreendedora. O município vem piorando ano a ano no ranking: era 9º entre 14 cidades em 2014, depois 10º entre 32 cidades em 2015 e agora é 14º entre as mesmas 32.

? O Rio concentra vários problemas típicos de grandes cidades, assim como São Paulo (32ª em mobilidade urbana, 31ª em custo de mão de obra, e 31ª em preço do metro quadrado, por exemplo), mas não tem a mesma concentração de bons números da capital paulista desde que o ICE foi criado ? afirma João Melhado, coordenador de Pesquisa e Mobilização da Endeavor.

O desempenho decepcionante do Rio tem diversos motivos, diz Melhado. Ele lembra que, segundo a pesquisa, a cidade tem o pior ambiente regulatório da pesquisa (caiu uma posição em relação ao ano passado), com nove dos 12 indicadores do pilar abaixo da média das 32 cidades. O município é o penúltimo em tempo de regularização de imóveis (210 dias) e a cidade que mais altera as regras legislativas dos impostos municipais (59 alterações em um ano; a média do estudo é 23).

? Além disso, as compras públicas da prefeitura para empreendedores caíram 34% em um ano ? lembra Melhado.

Gustavo Mota - We Do Logos (2).JPG

Gustavo Lagos, CEO da We Do Logos, plataforma online de designers gráficos, lembra que teve dificuldade para conseguir regularizar o negócio por conta da legislação local e gastou mais de R$ 80 mil com advogados.

? O Rio é altamente burocrático para as empresas poderem trabalhar direito. Se abríssemos a empresa em outro estado seria mais simples ? diz ele.

Marcelo Machado, diretor da Fumajet, que desenvolve tecnologias para combate a doenças endêmicas, também vê dificuldades em operar no Rio. O principal produto da empresa carioca, o motofog, um kit para ser instalado em motocicletas para controle das pragas, já chegou a diversos estados como Minas Gerais, Manaus e Espírito Santo, mas não conseguiu firmar uma parceria com a prefeitura.

? Além disso, pagamos uma carga tributária absurda e não temos nenhum tipo de incentivo fiscal ? afirma.

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