Política

46 entidades assinam pedido de intervenção federal no PR

Curitiba – O superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) no Paraná, Julio Gonchorosky, recebeu ontem à tarde na sede, em Curitiba, representantes de parte das 46 ONGs (Organizações Não Governamentais) e entidades ambientais no Etado que assinam um documento com pelo menos 70 páginas no qual pedem a intervenção federal do Ibama em órgãos ambientais do Estado, como o IAP (Instituto Ambiental do Paraná), o Instituto das Águas e o IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado do Paraná).

O relatório, com um tom de apelo e de socorro, discorre sobre algumas irregularidades e problemas que colocam em xeque a sanidade ambiental, com ações que colocam em risco esses setores, além dos prejuízos iminentes a outros segmentos, como a cadeia produtiva de proteínas (carnes) altamente afetada com o impedimento da liberação de licenças ambientais pelo IAP por técnicos não habilitados, determinação adotada em fevereiro após o Tribunal de Contas do Estado detectar irregularidades na emissão desses documentos e vetar a liberação de novas licenças ou renovações por técnicos não habilitados.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Paraná logo após a reunião de ontem, o superintendente do Ibama reforçou que o documento pedindo a intervenção federal foi acolhido, que a equipe técnica vai analisá-lo tendo em vista que é amplo e que será protocolado ainda hoje à presidência do órgão em Brasília. O documento seguirá também ao Ministério do Meio Ambiente. “A intervenção é uma decisão extrema que vai muito além de órgãos como Ibama e o Ministério do Meio Ambiente. É uma decisão de governo e entendemos como o principal desta ação a preocupação que a sociedade civil tem com a melhoria da conservação e proteção de meio ambiente no Paraná”, afirmou o superintendente.

Para Julio, é evidente que, por mais que se faça, seja em qual órgão público for e em que esfera for, “sempre há muito que se aprimorar”. “Ainda não pude ler todo o documento que é extenso, mas o foco está em aprimorar”, afirmou com o relatório em mãos.

Para o superintendente, entre as medidas que se deve pensar de imediato é na identificação dos problemas. “É preciso investigar o que está acontecendo e quais são os caminhos que serão tomados daqui para frente no setor ambiental”, ponderou o analista ambiental de carreira.

Mudanças urgentes

O superintendente disse ainda que o grande desafio do governo que começa hoje no Estado, com Cida Borghetti no comando do Paraná, e do governo que começará em 1º de janeiro do ano que vem, é o de recompor o quadro funcional dessas instituições às quais se pede intervenção: “Falam em 30 anos sem concurso público, então qualquer atitude que se queira tomar é preciso primeiro pensar em recomposição dos quadros. Este é o grande desafio”, reforçou. “Nenhum órgão ambiental consegue vencer os desafios sozinho. Toda a problemática precisa ser bem conduzida aos três níveis. Então, independente dos próximos passos deste documento, estamos à disposição para as parcerias como sempre estivemos”, concluiu.