Cotidiano

34 anos de grandes desafios

Ser professor não é tarefa fácil, e permanecer 34 anos na profissão é algo ainda mais desafiador. A história de Elaine Seibert como professora começou com seu pai, que insistiu para que ela cursasse uma graduação em Cascavel. A escolha, segundo ela, foi direcionada à licenciatura em Matemática, um dos poucos cursos existentes naquela época.

“Minha opção aos 18 anos não era o magistério, só que naquele período meu pai não permitia que a gente fosse morar fora para estudar. Aqui tinha a Fecivel, e as opções eram poucas”, recorda. Com o passar do tempo, Elaine já estava envolvida com a nova profissão. “Apesar das dificuldades que sempre existiram e cada ano que passa é mais complicado, você vai tomando gosto pela situação. Trabalha todos os dias com pessoas diferentes e vê que tem algo a contribuir. Isso fez com que eu me apaixonasse em ser professora”, diz.

Passando primeiramente pela rede particular de ensino, Elaine já está há quase 28 anos na rede pública estadual. Ano que vem será um período decisivo à docente, que está prestes a se aposentar. Abandonar definitivamente a profissão não está nos planos da professora. “Falta um ano para me aposentar. Parar totalmente eu sei que é complicado, pois venho num ritmo tão grande de trabalho, no meio de pessoas, aprendendo junto com os alunos. A ideia é ‘largando’ aos poucos, reduzindo o número de horas-aulas, mas não abandonar a escola de imediato”, afirma Elaine.

O que precisa mudar

Segundo Elaine, para uma escola pública de qualidade é preciso investir. “A falta de estrutura é um problema, faltam investimentos do poder público. A escola precisa se virar com o que tem. A verba [enviada pelo Governo do Estado] mal dá para o material de limpeza”, comenta.

A superlotação nas salas de aula, os encaminhamentos judiciais de menores que estão fora da escola, o envolvimento dos estudantes com as drogas e o desinteresse dos pais em relação à vida escolar dos filhos também são outras situações que prejudicam o desempenho dos alunos e fazem o professor assumir inúmeros papeis dentro da instituição. “Lá dentro somos psicólogo, professor, enfermeiro, mãe, pai, abraçamos um pouco de cada profissão para dar conta do recado”, aponta.