Policial

25 anos do PCC: ano propício para atentados

Cascavel – No ano em que o PCC (Primeiro Comando da Capital) completa 25 anos de existência, os serviços de inteligência da área de segurança pública passaram a atuar em várias frentes. E por um sério motivo: informações privilegiadas de que a facção criminosa pretende “comemorar” com uma série de atentados.

Desde que surgiu, de dentro dos superlotados presídios paulistas, o PCC sempre esteve sob monitoramento das forças de segurança, mas a atenção agora é dobrada, especialmente na região oeste do Paraná, onde a organização se instalou.

A atenção extra na região vem desde setembro de 2016, após o assassinato do agente penitenciário federal Alex Berlamino, em Cascavel. Alex era de Brasília e dava um curso na penitenciária de Catanduvas quando foi morto numa emboscada. Meses mais tarde, em maio de 2017, a psicóloga Melissa Almeida foi brutalmente assassinada na frente de casa. Ela também atuava em Catanduvas, mas morava em Cascavel. Marido de Melissa, o policial civil Rogério Ferrarezi foi atingido, mas sobreviveu. No carro estava o bebê do casal, que ficou ileso durante o atentado. Houve troca de tiros e pelo menos dois suspeitos de envolvimentos foram mortos em confronto com a polícia. Em ambos os casos ficou comprovado que as mortes foram encomendadas pelo PCC.

Conforme o serviço de inteligência, uma série de outras mortes estava agendada para agosto de 2017, aniversário de 24 anos da facção. Entre elas o assassinato de um juiz federal, um procurador federal, um delegado federal e agentes federais. A atuação intensa da Polícia Federal frustrou os planos, e o alerta segue mantido e a vigilância é constante. “Em 2018 o PCC vai completar 25 anos e eles vão ‘comemorar’. Também é histórico que nos anos de 1990 e nos anos 2000 a facção tentou impedir, com alguns atentados realizados e outros frustrados, as eleições. Então 2018 será um ano para permanecer em alerta tanto pelas eleições quanto pelo aniversário da facção”, revela o delegado-chefe da Polícia Federal em Cascavel, Marco Smith.

“Por outro lado, o PCC tem uma característica importante. Eles aprendem com os próprios erros. Em 2003, quando mataram o juiz-corregedor [António José Machado Dias], foram criados os presídios federais para isolar as cadeias de comando das facções criminosas. Quando mataram os agentes em Cascavel, os presos ficaram sem visitas nos presídios federais, ou seja, também houve duras represálias, além de o PCC ter perdido vidas e muito dinheiro com as ações mal sucedidas”, considera o delegado da PF, ao sugerir uma possível alteração na atuação da organização.

Tratado pelas forças de segurança como grupo terrorista, o PCC tem criado raízes por todo o Brasil e em outros países, como o caso do vizinho Paraguai.

Terrorismo, drogas e armas

O Jornal O Paraná acompanha e divulga os trabalhos de investigação a respeito da aproximação e das parcerias entre o PCC e o grupo terrorista Hezbollah, especialmente o fornecimento de drogas e armas, com o abastecimento de drogas pelo grupo brasileiro aos fundamentalistas.

A aproximação acendeu um alerta na segurança pública mundial, com a instalação na região de importantes células de investigação contra o terrorismo, como o FBI (Federal Bureau of Investigation) e o DEA (Drug Enforcement Administration), ambos norte-americanos.

Para alguns profissionais da área de segurança, hoje a situação está fora de controle, mas é possível atuar e combater essa parceria mapeando e desmembrando a partir da perseguição do dinheiro da facção e de ações diretas com a junção de esforços entre forças de segurança. Isso poderia, por exemplo, neutralizar grupos como o PCC em um curto período de tempo.

Contudo, um agente federal que não pode ser identificado revela que, na atual conjuntura da segurança pública brasileira, hoje o serviço de inteligência norte-americano conhece e entende mais daquilo que a facção brasileira está fazendo do que a própria segurança pública nacional.