Cotidiano

2017 deve ser ano da virada para o Brasil

Toledo – As memórias do ano de 2016 certamente vão despertar a curiosidade dos pesquisadores no futuro. E razões não faltarão. O ano que chega ao fim foi um dos mais intensos e extremos da história recente da civilização. Conflitos, atentados, olimpíadas e solidariedade formam um caldeirão de sentimentos. Para os brasileiros, a “emoção” foi ainda maior, tonificada pelas revelações da Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). Os desafios para 2017 são inúmeros, mas os ajustes governamentais devem seguir para que a confiança, os investimentos e as oportunidades retornem, consensuam líderes empresariais do Oeste do Paraná.

O ano que fez tremer os alicerces da República confrontou o excesso de controle e poder do governo e politicos com o acesso rápido à informação, às variantes dos recursos comunicacionais e à indignaçao popular com velhos abusos. A maior crise brasileira, que ocorre nas esferas ética, moral e financeira, é também um momento de ruptura. De vencer fórmulas e práticas ultrapassadas e de gerir o dinheiro do contribuinte com lisura, competência e honestidade, diz o ex-presidente da Acic de Cascavel, José Torres Sobrinho. O presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Mario Costenaro, que é de Toledo, observa que 2017 traz um misto de otimismo e de apreensão.

O otimismo vem de perceber regiões como o Oeste, seu potencial, sua organização e suas chances de crescimento e prosperidade. Do outro lado estão posições pessimistas e principalmente desagregadoras, unicamente centradas em interesses políticos que em nada contribuem. “Além dos fundamentos de um país melhor, espero que 2017 traga mais sensibilidade e transparência, principalmente nos poderes institucionais, para que, com competência e lisura, conduzam o Brasil a horizontes maiores, prósperos e de respeito a toda a sociedade”, afirma Mario. O presidente do POD entende que a queda de braço entre os poderes provoca insegurança e retarda a tão necessária superação da crise econômica.

Estudiosos e analistas afirmam que o País experimenta as dores de uma grande mudança e que, quando elas cessarem, o Brasil será diferente do que era. Milhões foram às ruas em 2016 contra a corrupção, mas as medidas sanadoras não devem ser adotadas apenas por políticos, empresários e magistrados. E sim por todos os brasileiros. “Todos podemos e devemos ser ainda melhores e mais éticos”, conforme José Torres Sobrinho. A solução de conflitos que provocam reflexões nacionais profundas, além de passar o País a limpo, é indispensável para que a crise de confiança no governo e instituições termine, conforme Mario. “Os ajustes precisam vir acompanhados de reformas amplas nas áreas tributária, trabalhista e política. Precisamos de maturidade, discernimento e lucidez”, afirma o presidente do POD.

Controle de gastos é fundamental

Para o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná), Guido Bresolin Júnior, o ano de 2017 terá papel imprescindível no esforço de tirar o Brasil de sua maior crise. Para que as mudanças do Governo Michel Temer deem resultado, práticos e consistentes, é preciso que os órgãos públicos sigam com ajustes fiscais e de controle de déficit.

Da sinalização de que o dinheiro público será tratado com mais respeito e responsabilidade depende a retomada da confiança e da inversão da curva do PIB – que fecha na descendente pelo terceiro ano -, conforme Guido. “Superar a corrupção e adotar medidas sérias é o que se espera dos governos, estados e prefeituras”, conforme o ex-presidente da Caciopar e atual da Garantioeste, Khaled Nakka, que é de Vera Cruz do Oeste.

A lição de casa, por parte dos governos e de outros setores ligados à esfera pública, terá impacto em todo conjunto social. Mas, como sempre, o setor produtivo faz a sua parte e aperta o passo, trabalhando ainda mais para se ajustar a um período de dificuldades, conforme Khaled. O ano de 2017, segundo ele, precisa vir acompanhado também de privatizações e do impulso a grandes obras de infraestrutura e logística, bem como da redução da burocracia e diminuição das taxas de juros.