Cotidiano

20 mil peixes mortos

Os mais de 700 milímetros de chuva registrados em Cascavel desde o início de outubro causaram prejuízos incalculáveis a quem tem na terra o seu único sustento. O cenário no interior do município é de tristeza e caos. Somente em uma propriedade rural do distrito de Espigão Azul um investimento de 30 anos foi destruído em um fim de semana.

É o caso do produtor Vandir Bruno Gielow, que cria peixes e vende a um frigorífico de Toledo. Dos seis açudes, três estão inutilizados. “Encheu de lama, os peixes morreram devido a falta de oxigênio e eu fiquei com um prejuízo enorme”, relata Gielow. Nos seis tanques havia pouco mais de 40 mil peixes, e pelo menos 20 mil morreram.

Prejuízos

O agricultor ainda não calculou quanto perdeu, mas faz uma estimativa nada animadora. “Não sei ao certo, pois ainda estamos recolhendo os peixes que morreram e tentando salvar o pouco que restou. Mas acredito que pelo menos R$ 100 mil foram perdidos”, diz. Como se não bastasse, os 23 alqueires de soja plantados a pouco também foram atingidos e devem aumentar o rombo do agricultor.

Quatro anos

Apesar de quase tudo ter sido perdido, Gielow garante que não vai abandonar a atividade, que deve se recuperar totalmente daqui a quatro anos. “O valor da nossa perda foi incalculável, as a criação de peixes é o carro-chefe de minha propriedade. Vou olhar para frente e seguir, retomar desde o início”, afirma.

Na tarde de terça-feira (31), vizinhos e familiares de Gielow ajudavam na retirada dos peixes mortos, corte e poda de árvores que caíram durante o temporal e em toda a limpeza da área.

Estradas de lama

Rodrigo Indras, que é também morador do distrito de Espigão Azul, passou a tarde limpando a lama que impedia a entrada em sua propriedade rural. Com uma enxada ele empurrou e lavou toda a sujeira.

“Sempre que chove é assim, mas dessa vez foi bem pior”, conta Indras. Segundo ele, várias pessoas já procuraram a subprefeitura do distrito para reclamar dessa situação e acrescentam na lista de reclamações a péssima condição das estradas rurais. “No entanto, quando a gente reclama lá [na subprefeitura] eles dizem que não podem fazer nada”, lamenta.

Ele lembra que em dias de chuva o transporte escolar rural não passa pelo lamaçal, e para que as crianças e adolescentes não percam o dia de aula, os pais precisam levá-los até a escola, muitas vezes de trator, um dos únicos veículos que consegue trafegar pelas estradas.

A Prefeitura de Cascavel foi procurada para se posicionar quanto às condições das estradas rurais, porém não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Boletim

De acordo com o último boletim da Defesa Civil do Paraná o número de pessoas atingidas pelas chuvas em Cascavel foi de 166, além de 15 casas danificadas e uma morte.