Cotidiano

13º vai injetar R$ 1,65 bi na economia regional

No Paraná, valor será de R$ 11,03 bilhões; salário médio no Estado é de R$ 2.142

Cascavel – Sim, o ano voou mais uma vez e já está na reta final. Para onde quer que se olhe, principalmente em shoppings e centros comerciais, as vitrines estão sendo preparadas para o Natal. Ainda faltam 45 dias, mas as luzes, as árvores decoradas, uma infinidade de papais noéis revelam que o principal período para o varejo está bem próximo.

Pesquisa divulgada ontem pelo SPC Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) indica que 73% dos brasileiros pretendem presentear alguém na data mais fraterna do ano e que, em um sinal tímido de recuperação econômica, as compras terão um ligeiro crescimento se comparadas ao Natal de 2016.

Para bancar isso, é claro, vem aí o 13º salário. De modo geral, o pagamento deverá ocorrer em duas parcelas. Uma até o dia 30 deste mês e outra no dia 20 de dezembro.

No Brasil a previsão é de R$ 102 bilhões, 4,3% maior que no ano passado.

Em todo o Paraná, segundo divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o salário extra de fim de ano deverá injetar R$ 11,033 bilhões na economia. Volume 2% maior que ano passado, tendo em vista o recuo no número de trabalhadores formais neste ano que chega a 0,5% se comparado a igual período de 2016.

Segundo o economista e técnico do Dieese Fabiano Camargo da Silva, nessa soma estão inclusos os trabalhadores formais no setor público e privado, aposentados e pensionistas e trabalhadores domésticos com carteira assinada. “O salário médio no Estado é de R$ 2.142, levando em consideração que dois terços da população no Paraná recebem até dois salários mínimos”, reforça.

Isso significa que em todo o Paraná há 5,08 milhões de pessoas que terão direito ao 13º salário neste ano. A expectativa das associações comerciais e dos sindicatos do comércio é a de que pelo menos 15% desse valor, ou seja, R$ 1,65 bilhão sejam pagos na região oeste.

Considerando apenas as cinco maiores cidades da região, Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Marechal Cândido Rondon e Medianeira, o volume a ser pago corresponde a 7,2% do total do Estado, chegando a quase R$ 800 milhões. “Nesse caso, não estão incluídos os trabalhadores domésticos e alguns outros setores, por exemplo”, reforça o economista.

Comércio com os pés no chão

Para o vice-presidente do Sindilojas (Sindicado dos Lojistas do Comércio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan, o momento ainda é de manter os pés no chão. “Até pode haver um crescimento nas vendas, mas ele vai ser tímido e vai ganhar quem estiver mais bem preparado, atender melhor e tiver as opções que caibam no bolso”, afirma.

Para Furlan, a prioridade na lista será pagar as contas em atraso. “Sentimos que o consumidor está mais consciente e depois de passar por uma crise como esta ele vai pagar as dívidas, fazer uma reserva e só então gastar com presentes”, completa.

Como algo em torno de 18% dos consumidores ainda estão indecisos se vão ou não agradar parentes e amigos neste Natal, a regra será intensificar a propaganda, aumentar a divulgação e caprichar nas promoções para aqueles que pretendem conquistar esse público que só na região beira 130 mil pessoas.

Ainda segundo a pesquisa do SCP e da CDNL, a maior parte das compras será a vista. O que deverá pesar bastante e concretizar uma venda serão os famosos e pechinchados descontos.

Melhor forma de gastar o salário extra

A avaliação é do economista Leandro Mourão, analisando o mercado e os comportamentos de consumo, ele considera que o maior problema é que boa parte desse dinheiro que deveria ser um plus no fim de ano foi gasto ou comprometido muito antes de entrar na conta. “Como as pessoas sabem que vão recebê-lo, já o gastam antes”, explica.

Mourão lembra que cabe ao trabalhador escolher a melhor forma de aplicar esse dinheiro de acordo com suas prioridades e urgências. “Claro que o indicado é pagar as contas, principalmente aquelas com juros maiores, mas não podemos julgar uma pessoa que não vê a mãe há anos e que quer visitá-la e vai deixar as contas para depois. Tem também quem precise de exames médicos, de consultas, remédios, nesses casos, esta é a prioridade”.

Para o economista, de modo geral, o brasileiro cumpre suas obrigações e não costuma dar calote, o que não significa que não haja um número elevado de dívidas, muitas delas atrasadas. “De modo geral o brasileiro paga as contas, o segredo é não pagar juros como os dos cartões de crédito. Quem não estiver pagando juros muito altos já está em vantagem”, destaca.

“O 13º salário é de fato uma gratificação para ser gasta com as compras natalinas, o que não pode é comprar presentes caros demais sem poder. Se quiser presentear, compre algo mais simples, use a criatividade. Participe de menos grupos de amigos secretos. Lá no fim isso dá um bom resultado”, considera.

Gastos de início de ano

Leandro alerta ainda que não se pode perder de vista aquelas contas e gastos rotineiros de início de ano como impostos, materiais escolares, uniformes e vencimento das compras a prazo feitas no fim de ano. “O comércio, o mercado querem que a gente gaste, mas algumas medidas podem ajudar a diminuir as despesas. Dá para comer panetone em janeiro e ele vai ficar bem mais barato. Aliás, hoje pode comer panetone o ano todo”, brinca.

Para quem está com toda a vida em ordem, não tem dívidas e ainda não sabe como gastar o dinheiro, a orientação é investir. “Lembrando que o importante é, além desse valor, ir poupando todos os meses um pouco. Se tirar um percentual do salário todos os meses, no fim do ano terá um volume maior para comprar algo que queira muito, isso sim dá um excelente resultado”.