Cotidiano

1 em cada 2 trabalhadores não tem carteira assinada

Assis Chateaubriand – Considerando a PEA (População Economicamente Ativa) com mais de 18 anos nas seis maiores cidades da região – Assis Chateaubriand, Cascavel, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Toledo – pode-se considerar que uma em cada duas pessoas, mais precisamente 51% do total, terminou setembro de 2017 com a carteira de trabalho assinada.

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego e revelam que 228.955 pessoas com 18 anos ou mais, de um total de 448.536 considerados PEA nesses municípios, estavam no mercado formal de trabalho.

Para a economista Regina Martins, isso não significa que a outra metade pode ser considerada desempregada nem que representa a realidade do mercado informal de trabalho. “Claro que o desemprego aumentou muito nos dois últimos anos e a crise ainda está aí para nos lembrar disso, apesar de estar perdendo força, mas em todo o País ainda são quase 13 milhões de desempregados. Hoje não temos como precisar quantas pessoas na região oeste estão desempregadas ou na informalidade, mas não podemos deixar de considerar, por exemplo, que temos muitos microempreendedores individuais. Pessoas que na maioria dos casos trabalhavam para uma empresa, foram demitidas e não conseguiram se recolocar no mercado e abriram o próprio negócio”, avalia, ao considerar que a crise trouxe efeitos menos nocivos ao oeste, por se tratar de uma economia predominantemente agrícola.

O número de formais com carteira assinada neste ano de 2017 é 8% maior que o registrado em setembro de 2016. Naquele mês, já no auge da crise econômica, a região contava com 49% da população economicamente ativa com registro formal.

Apesar desse indício de recuperação, o número de setembro de 2017 ainda é inferior ao registrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego há três anos, quando o Brasil ainda vivia uma condição de pleno emprego. Em setembro de 2014, 235.077 pessoas tinham a carteira assinada nas seis maiores cidades da região, um total de 6.122 a mais.

Considerando a estimativa populacional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para aquele ano, o saldo representava 54% de formalidade das pessoas economicamente ativas. “Naquele período também tínhamos menos pessoas se colocando à disposição do mercado formal de trabalho e só são consideradas pessoas economicamente ativas ao emprego aqueles que estão empregados ou em busca de uma ocupação. As pessoas que estão sem ocupação e não se colocam à disposição do mercado formal, não podem entrar nessa conta”, observa a economista.

92 mil carteiras assinadas

O município com o maior número de trabalhadores com carteira assinada hoje no oeste é Cascavel. A cidade mais populosa da região fechou setembro de 2017 com 92.580 efetivos nessas condições. Proporcionalmente, considerando a PEA do Município, são 54% dos trabalhadores com carteira assinada. “Temos observado no próprio contato com os empresários que eles estão mais otimistas e resolveram contratar mais. Ou faziam isso ou estagnavam seus negócios porque chegamos ao ponto extremo após um número elevado de demissões. Eles estão mais confiantes, as vagas têm aparecido mais, mas apostamos mesmo nessa mudança e na mudança para 2018”, considera a gerente da Agência do Trabalhador em Cascavel, Marlene Crivelari.

Segundo ela, aos poucos as ofertas de emprego estão voltando a aparecer, sobretudo na indústria. “Seja na agência, seja direto nas empresas, as contratações estão retornando”, comemora.

Número de MEIs cresce 183% nas maiores cidades

A manicure Daniele de Souza é um exemplo clássico das pessoas que perderam o emprego, tiveram dificuldade em se recolocar no mercado e quando se viu à beira do mercado informal, mais uma vez, não pensou duas vezes: tornou-se uma microempreendedora individual. “Eu não queria perder meus direitos trabalhistas. No salão onde eu trabalhava a crise fez o movimento despencar e fomos demitidas. Eu e outras três manicures. Aí voltei a atender meus clientes em casa. Para não ficar desassistida e pensando na aposentadoria, fui me informar e resolvi me tornar uma MEI”.

A exemplo de Daniele, outros 33,5 mil trabalhadores das seis maiores cidades do oeste saíram da informalidade ou viram no desligamento de um emprego a possibilidade de serem seus próprios patrões.

Há cinco anos, quando os MEIs começaram a se estabelecer mais fortemente, eles não somavam 12 mil nas seis maiores cidades da região. De lá para cá, com base nos dados divulgados pelo Portal do Empreendedor de 30 de setembro, eles cresceram 183% nesses municípios e agora somam 33,5 mil. O maior número deles está em Cascavel com 11,2 mil, seguido por Foz do Iguaçu, onde são quase 11 mil.

Para o consultor do Sebrae/PR da linha de empreendedorismo William Braga Tomaz, esse percentual representa o avanço eficaz do empreendedorismo e a consolidação dessa metodologia de emprego e renda. “Não temos como medir o número de informais na região, mas as MEIs são uma excelente opção para quem não quer perder benefícios e se tornar um empreendedor com os direitos assegurados. Uma MEI tem as mesmas condições de outra empresa, com algumas vantagens e menos burocracia”, ressalta.

Na contramão da crise

O consultor do Sebrae William Braga Tomaz lembra que na contramão da crise e para estimular a abertura de MEIs, algumas centrais do empreendedor dentro das prefeituras oferecem benefícios aos futuros microempreendedores. “Em Cascavel, por exemplo, a pessoa que abrir sua MEI na Sala do Empreendedor na prefeitura tem três anos do contador. Mas as pessoas também podem fazer a abertura pelo site. É rápido, não é burocrático, mas esses benefícios deixam de existir lá”, observa.

Cada MEI pode ter faturamento bruto de até R$ 60 mil por ano, uma média de R$ 5 mil por mês, e um microempreendedor individual também pode ter um funcionário. “Essa área tem crescido muito e o Sebrae tem oferecido muitas ações, consultorias capacitações, tudo para ajudá-los a formalizar seu negócio da forma mais consciente, ágil e com o maior número possível de informações”, explica, ao ponderar que a lei que criou os MEIs é de 2009 justamente para diminuir a informalidade.

Para saber mais e se tornar um MEI basta acessar http://www.portaldoempreendedor.gov.br/.