Policial

“Tá com medinho, pede pra sair”, rebate delegado da PF

Cascavel – O delegado-chefe da Delegacia da Polícia Federal de Cascavel, Marco Smith, manifestou-se ontem sobre matéria veiculada na edição de terça-feira do Jornal O Paraná “Sem segurança, policiais federais querem ir embora”. A reportagem trata de relatos de membros da corporação que afirmam não ter amparo para continuar trabalhando na região e que haveria uma debandada assim que sair o concurso interno de remoção, sobretudo depois da ordem dada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) de que, em comemoração aos 24 anos da facção criminosa, estavam na lista para morrer agentes públicos de segurança, inclusive de Cascavel.

A ameaça, que ganhou repercussão nacional mês passado, fez com que parte da rotina da delegacia de Cascavel mudasse e isso também teria interferido no comportamento de alguns policiais.

Segundo Smith, não é a maioria que quer sair da cidade, “mas alguns de fato não querem mais ficar” e que isso não seria de hoje, embora essa situação do PCC tenha sido um reforçador. “Para esses policiais, eu digo o seguinte. ‘Está com medinho? Que peça pra sair’. Quem está com medinho pode pedir pra sair porque situações como essa fazem parte da rotina policial”, afirmou.

E ele continua: “As condições de trabalho na fronteira são as ideais? Não, não são as ideais, nós precisamos de mais recursos, de mais pessoal, há um constante receio de novas ações de facções criminosas, mas todas as vezes que essa ação pode acontecer recebemos reforço”.

Para Smith, alguns policiais têm o interesse em pontuar um risco muito grande na região para conseguirem a remoção. “A atividade policial é de risco e, se formos aos fatos, tivemos dois homicídios de agentes [penitenciários federais] em Cascavel e as investigações apontam que foram por uma facção criminosa de São Paulo. Agora havia informação de que poderia ter algum atentado não só aqui, mas no Brasil inteiro. Foi reforçada a segurança física e a dos policiais e isso se chama medida de contrainteligência. Depois dessa semana alguns policiais tiveram ataque de medo e de ansiedade por conta das medidas fora do comum, grupos especiais vieram para Cascavel e tivemos a distribuição de novas armas”.

“Estamos fazendo treino de tiro a cada 45 dias. Não tem mesmo fuzil individual e nunca vai ter para todos, porque não é qualquer um que pode operar um fuzil, mas em Cascavel temos o maior número de operadores táticos que qualquer delegacia no Paraná, inclusive da superintendência, assim nos credenciando como uma das delegacias mais operacionais do Estado (…) isso mostra que nosso treinamento é no mínimo razoável”, acrescentou.

Para o delegado, os meios disponíveis para o trabalho não são os ideais, “mas suficientes para dar uma pronta resposta, como ao crime organizado”, por exemplo. “Como foi dito no meio [policial], quem está com medo que reúna um pouco de dignidade e peça exoneração, porque a sociedade não quer um policial truculento, mas também não quer um policial medroso. Os que têm medo e estão pedindo para sair da cidade têm o meu total desprezo. Se tem algum alvo e um X nas costas de alguém para morrer, não é em nenhum deles”, concluiu.