Londres Erros graves na logística, falta de preparo e coordenação entre as equipes, acomodações ruins e oportunidade perdida de legado foram alguns dos problemas apontados em um relatório de 55 páginas feito por observadores independentes que estiveram nos Jogos do Rio para acompanhar o controle de dopagem a pedido da Agência Mundial de Antidopagem (Wada, na sigla em inglês). As críticas têm como alvo o governo federal e o comitê organizador.
?Graças ao enorme esforço e à enorme boa vontade de algumas pessoas chaves no trabalho do controle de doping nos Jogos que o processo não quebrou completamente?, diz um trecho do relatório.
A Wada critica o governo federal por ter trocado o ministro dos Esportes às vésperas do megaevento. Saiu George Hilton para a entrada de Leonardo Picciani. Esta troca resultou na mudança de comando da Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). Marcos Aurélio Klein, que havia participado de todo o processo de criação da ABCD, deu lugar ao ex-judoca Rogério Sampaio.
Houve críticas também na relação entre comitê organizador do megaevento e ABCD. O Rio-2016 não deu a liberdade que era necessária à agência. Houve necessidade de se ter mais credenciais, que não foram fornecidas, e fiscais de doping tiveram problemas para acompanhar atletas nas áreas destinadas à imprensa.
Diante destes problemas, os observadores analisaram que ?essa foi uma oportunidade perdida para um legado em perspectiva no Brasil. É desapontador que o Rio-2016 não tenha encontrado um jeito de melhorar o envolvimento da ABCD com os Jogos?.
Em outro momento, no entanto, os observadores admitem que houve um legado de equipamentos e experiência operacional. O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), responsável pelas operações nos Jogos, foi elogiado por seus equipamentos e sua operação ?segura e muito eficiente, representando um legado para o movimento antidoping na América do Sul?.
?Problemas previsíveis?
O relatório também cita transtornos com transportes, comida insuficiente e dificuldade para localizar os atletas fora do período de competição. Ainda de acordo com os observadores, todos esses problemas de logística ?eram previsíveis e perfeitamente evitáveis, o que torna sua ocorrência ainda mais decepcionante?.
? Apesar de questões pessoais, limitações de recursos e de outras dificuldades logísticas, aqueles encarregados da execução do programa, e em particular os voluntários, merecem imenso crédito por garantir que os direitos dos atletas limpos fossem salvaguardados ? disse Jonathan Taylor, presidente da equipe de observadores que veio ao Rio de Janeiro.