ZURIQUE – O brasileiro Thiago Braz desistiu da etapa da Liga Diamante de Zurique, na Suíça, nesta quinta-feira, quando a disputa já estava na reta final e só restavam ele, o americano Sam Kendricks e francês Renaud Lavillenie. Neste momento, a disputa já estava nos 5,90m e a tendência era de que restasse apenas o francês e o brasileiro já que a melhor marca da carreira do americano era de 5,92m.
Sem Thiago, o americano levou a melhor sobre o francês. Os dois não conseguiram passar dos 6,01m, mas Kendricks venceu no critério de desempate por ter errado menos nas etapas anteriores. O americano, que foi bronze no Engenhão, já havia vencido o francês no primeiro campeonato após os Jogos, que foi a etapa de Lausanne da Liga Diamante.
Ao desistir da competição nesta etapa final, o brasileiro deixou a imprensão de que não queria reeditar uma disputa entre ele e o francês, que ficou marcada pela vaia sofrida pelo francês no Engenhão. Nos Jogos do Rio, as vaias ao francês só aconteceram quando restavam apenas ele e o brasileiro na disputa.
Os dois vinham de momentos distintos. Após as vaias no Engenhão, Renaud havia competido em duas etapas da Liga antes de chegar em Zurique: foi segundo colocado em Lausanne e venceu em Paris. Já Braz admitiu na véspera da competição de Zurique que já não tinha mais planos de competir em 2016 após o ouro olímpico, mas que acabou aceitando participar da disputa em Zurique, que foi a única apresentação sua nesta temporada da Liga.
– Estou aqui para minha temporada apesar de que eu gostaria de ter interrompido. Minha intenção será saltar entre 5,80m e 5,85m – disse Thiago.
Braz sempre foi um freguês de longa data de Lavillenie. Desde o primeiro encontro entre os dois em uma competição, o que aconteceu no Meeting de Donetsk, na Ucrânia, em fevereiro de 2013 (quando o francês venceu o torneio e o brasileiro foi sétimo) até hoje, se passaram 17 embates. Em 15 deles, o francês terminou à frente do brasileiro, sendo que em 11 oportunidades ele terminou o campeonato como campeão. Vale lembrar que o francês, de 29 anos, está há muitos mais anos no circuito que o brasileiro, de 22, que está apenas em sua terceira temporada mundial.
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Thiago levou a melhor em cima do francês em apenas duas oportunidades. A primeira foi na etapa de Paris da Liga Diamante, em julho de 2015, quando ele terminou na segunda colocação (5,86m) e Renaud foi quinto colocado (5,71m). A outra foi nos Jogos do Rio, quando pela primeira vez o brasileiro passou dos seis metros de altura. Até este duelo no Engenhão, os dois travavam apenas um duelo silencioso, de bastidores, mas, após as vaias homéricas (tanto na final quanto na premiação, que aconteceu no dia seguinte) o confronto entre os dois tornou-se público.
Na ocasião, foi revelado que o francês já não falava com o brasileiro há cerca de uma ano, desde quando o brasileiro passou a treinar com Sergey Bubka.
O que exatamente aconteceu para Renaud ter parado de falar com Thiago não foi confirmado pelos atletas, mas a principal especulação é a de que Renaud seria amigo de Élcio Miranda (ex-treinador de Thiago) e não gostou da troca de comando do brasileiro.
No Rio, os dois disseram ter resolvidos todas as diferenças, mas as rusgas parecem não ter sido muito bem resolvidas. Na quarta-feira passada, o francês ficou irritado ao ser perguntado se poderia pegar uma dica com o brasileiro para melhorar seus saltos.
– Já saltei mais de 6 metros mais de 17 vezes na minha carreira. Então, não preciso pedir isso para ninguém – disse o francês.
