RIO – Sábado, 06 de agosto, 16h30. Depois de uma virtuosa cerimônia de abertura que terminara há menos de 24 horas, milhares de visitantes experimentavam pela primeira vez a sensação de ingressar no coração dos Jogos, o Parque Olímpico da Barra. As competições já rolavam nas arenas da Barra e também de Deodoro. As primeiras medalhas despontavam, inclusive uma de prata, no peito do brasileiro Felipe Wu, do tiro esportivo.
Altos e baixos – 13/08Mas algo estava fora do lugar. O serviço de alimentação estava prestes a colapsar. Cerca de 800 trabalhadores de uma das duas grandes empresas fornecedoras de alimentos para o público da Barra simplesmente não apareceram. O efetivo da Força Nacional designado para a liberação de acesso nas entradas, seguindo o protocolo de segurança previsto para o evento, também estava aquém do desafio.
? Foi o momento mais tenso. Às 16h30, estava claro que precisávamos agir. Reunimos os responsáveis e fomos atrás de uma solução. Pusemos os 5 mil trabalhadores dos Jogos em ação para encontrar uma solução. Todos entenderam, inclusive os responsáveis pelas áreas afetadas. Foram campeões. Tivemos que participar da gestão do fornecedor, compreender as necessidades e agir. A operação foi um sucesso. O acesso e a alimentação estão funcionado. Mas não podemos relaxar. O que se leva muito tempo para planejar desanda em poucos minutos ? conta o diretor de operações dos Jogos, Rodrigo Tostes, cuja jornada inicia às 5h45, com a primeira teleconferência do dia.
O resultado foi uma boa circulação de público no parque, especialmente a partir do terceiro dia. Com o serviço de transporte público funcionando adequadamente, a circulação interna também melhorou. A alimentação dentro das arenas foi reduzida, mas não há mais a frustração de expectativa dos primeiros dias. O público, hoje, no geral, experimenta os Jogos no parque com tranquilidade.
Para solucionar o problema de alimentação, foi feita uma ação individualizada com cada um dos trabalhadores faltosos. Em vez da demissão, eles receberam gratificação para comparecer. No caso da Força, o contingente foi revisado com emergência, tendo o reforço dos policiais aposentados que agora atuam no serviço das máquinas de raio-x.
Mas, incrivelmente, por mais duro que tenha sido o 06 de agosto, este não foi o pior dos dias. Os problemas da Vila dos Atletas, onde privadas apareceram cimentadas e luminárias estavam arrancadas, fizeram com que chefes de delegações mandassem avisar que estavam preparados para zarpar de volta para casa. Foi o nível máximo de alerta desde que a operação dos Jogos começou oficialmente. Também resolvido.
? Ali, nós percebemos que os Jogos estavam em risco. A ação foi imediata e felizmente conseguimos. Mas estamos seguimos em permanente trabalho por lá ? afirma Tostes.
Gigante por natureza, a Olimpíada sempre terá novas operações e problemas sérios para serem resolvidos. Ontem, no Engenhão, o atletismo, que representa 40% de todas as sessões esportivas, começou em uma arena com pouco uso.
?A gente trabalha com planejamento. Plano a, plano b, plano c… Contingência. Aqui é impossível trabalhar com o improviso. Mas nós, brasileiros, por característica, sabemos reagir rápido.
Agora, estamos focados no Engenhão e na piscina do Parque Aquático Maria Lenk ? ressalta o gestor da Rio 2016, em referência ao drama que se transformou a cor da piscina do Parque Aquático.
A última madrugada não foi de muito trabalho apenas no Engenho de Dentro. Outro batalhão participou nesta noite de uma operação de guerra para esvaziar e encher mais uma vez boa parte da piscina que era do polo aquático e que agora será usada na plástica prova do nado sincronizado. A piscina verde precisa voltar ao azul. E é para já. A operação é no limite. Assim funciona a Olimpíada.