Juntas, elas somam 12 títulos do Grand Prix, meia dúzia para cada. A capitã, que ostenta a tarja no braço, está com 31 anos. A oposta, jogadora de segurança, aquela que ataca a maioria das bolas mais complicadas, tem 32. Ambas são mineiras e as mais experientes da seleção brasileira de vôlei, bicampeã olímpica.
E, após ausência no Grand Prix de 2015, Fabiana e Sheilla estão de volta. Juntas. Sempre juntas. Elas comandam o Brasil hoje contra a Itália, a partir das 14h10m, na estreia do torneio, na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico, na Barra. Globo e Sportv transmitem.
Melhores amigas e companheiras de quarto, as duas curtem o provável último ano na seleção. Ambas já disseram que a Olimpíada do Rio será a despedida. E se uma for embora…
? Hoje eu falo: se a Fabi não estivesse na seleção, eu também não estaria. E acho que ela vai falar a mesma coisa ? diz Sheilla, a oposto do Brasil. ? A gente compartilha tudo. As alegrias, as tristezas, e principalmente o estresse. Uma segura as pontas da outra, uma acalma a outra. É bom ter alguém para dividir as coisas.
A central Fabiana tem o mesmo sentimento:
? Com certeza, sem a Sheilla não dá. Esse ano me apresentei antes e ela foi a última do grupo porque ainda jogava com seu clube na Turquia. E senti sua falta. Foi estranho. Mas logo que chegou, troquei de quarto para ficarmos juntas ? conta Fabiana, que abre o sorriso ao falar dessa amizade. ? Eu a tenho como amiga, confio muito nela. Minha mãe até brinca que ela sabe mais da minha vida do que ela, a própria mãe.
As duas, que em 2015 se apresentaram à seleção apenas para a disputa do sul-americano, devem encerrar a carreira juntas. Ambas manifestaram o desejo de ficar até os Jogos Olímpicos do Rio. Ao falar sobre o assunto, Fabiana foi mais do que honesta:
? Sim, essa é a minha última Olimpíada. Chega uma hora que a gente sente que já deu. Eu e Sheilla temos o mesmo pensamento. Ela já casou, eu estou namorando. Quero ficar noiva, também casar, ter filhos. Quero ter tempo para isso. O que deu para fazer pela seleção, eu já fiz. Com certeza, faremos essa despedida juntas.
Fabiana conta que, apesar de terem estilos diferentes, elas nunca brigaram. Pelo contrário. É exatamente isso o que mais une as amigas. A central explica que é mais calma. Ouve a pergunta, pensa, responde devagar. Sheilla interrompe o interlocutor e dispara respostas divertidas, às vezes sem pensar:
? Somos muito diferentes, e uma mostra sua visão para a outra. Vejo por outro ângulo algo que não enxergava. Isso é muito bom. Como é sempre sincera, é ela quem eu vou ouvir. Tenho a tarja de capitã, mas ela me ajuda muito a lidar com as questões das jogadoras.
AManhã, adversário é o japão
Ambas são peças essenciais no esquema do técnico José Roberto Guimarães para os Jogos no Rio e para o Grand Prix. Sheilla, que nesta temporada atuou pouco em seu clube turco, deve ser utilizada em todas as etapas do torneio.
? Ao longo dos anos, aprendi que ganhar ou não o GP não tem ligação direta com a Olimpíada ? afirma Zé Roberto, que enfrentará hoje uma Itália desfalcada. ? Elas vieram sem quatro atletas, que se juntarão ao grupo depois. Cada equipe fez o seu planejamento e elas vieram de um qualifying recente.
O Brasil é o maior vencedor da história do Grand Prix, com 10 títulos. Na última edição, terminou em terceiro. Os EUA levaram o ouro e a Rússia, a prata.
Amanhã, a seleção encara o Japão, também às 14h10m. O último confronto da primeira semana será contra a Sérvia, no domingo.