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Robert Scheidt descarta aposentadoria e recomeça na classe 49er

OLYMPICS-RIO-SAILING-M-LASERMedalhas olímpicas, ele tem cinco. Reconhecimento mundial, também tem. Nada disso, no entanto, é motivo suficiente para que o multicampeão Robert Scheidt pense em aposentadoria. Aos 43 anos, o maior medalhista do Brasil vai encarar mais um recomeço, sempre com a mesma disposição e sorriso de garoto. O desafio agora é a classe 49er, um barco maior e com estratégias bem diferentes da Laser, que o consagrou. Ao lado de Gabriel Borges, de 24, que fez dupla com Marco Grael no Rio-2016, ele fará sua estreia na etapa de Miami da Copa do Mundo, em janeiro.

? Muitos me questionam por que continuar velejando. Eu gosto, isso é o principal, não é que tenha ambição de ser medalhista olímpico de novo, ficar pensando no resultado. Eu gosto de velejar, de ter um desafio na vida, um objetivo pelo qual lutar. Sempre quero melhorar, conhecer mais a vela, isso é motivante. Vamos ver se meu corpo vai permitir. O tempo vai mostrar e o próximo ano é decisivo para isso ? disse Scheidt, que participou, na quinta-feira, do evento da assinatura da parceria de 10 anos entre a BR Marinas, na Marina da Glória, e a CBVela, que agora terá sua sede no local.

Scheidt mal teve tempo de tirar férias após o quarto lugar na classe Laser, nos Jogos Olímpicos deste ano, disputados na Marina da Glória. Logo depois da competição, recebeu o convite de Gabriel para ser seu novo parceiro. O sim foi praticamente instantâneo.

? Semanas depois dos Jogos, eu estava sem definição do que iria fazer. Sabia que não faria mais um ciclo olímpico no Laser. Ele me ligou perguntando se eu gostaria de testar o 49er. Eu pensei: ?Por que não? Por que não tentar uma categoria nova??. Era a ideia de voltar a velejar, sem compromisso nenhum ? conta.

Assim, um mês depois dos Jogos, Scheidt estava reaprendendo a velejar na nova classe no Lago di Garda, na Itália, onde mora com a família. Entre tombos, arranhões e muito esforço físico, ele se mostra otimista com a evolução no barco. Foram poucas sessões até o momento, num total de 20 velejadas. Depois de Miami, eles pretendem participar da Copa Brasil, em Porto Alegre, e, a partir de abril, treinar por um tempo na Europa.

? Estamos treinando, bem animados com a evolução. É uma montanha extensa que temos que escalar para chegarmos em algum lugar nessa categoria ? admite Scheidt, que conta com a paciência de Gabriel diante de um iniciante. ? Ele é muito bom, está me ajudando, e é capaz de velejar muito acima do que sou capaz de desempenhar agora. Este é um barco que você apanha tanto no início que pensa: ?Não dou para isso aqui?. Tem que ser persistente, pois vai virar muito, vai ter batida no barco, vai sair com joelho sangrando.

O corpo, que já não se sente tão à vontade nos movimentos exigidos pela Laser, está se adaptando ao novo estilo de velejar. Apesar de, à primeira vista, a classe 49er aparentar exigir menos do físico, Scheidt desmente essa decantada ?facilidade?.

? Tem esse mito que exige menos, mas não é bem assim. São exigências diferentes. No Laser, é um trabalho isométrico de resistência e alguma força. No 49er, exige muito de perna, pois só se veleja em pé. Precisa do jogo de pernas, da velocidade para cruzar o barco ? ensina Scheidt, que já passou por outra transição, quando deixou a classe Laser pela Star, ao lado de Bruno Prada. Eles foram tricampeões mundiais (2007/2011/2012) e bronze em Londres-2012.

NEGOCIAÇÃO DE PATROCÍNIO

O futuro de Scheidt na nova classe e mais uma Olimpíada na carreira não dependem apenas do talento, mais do que conhecido, do velejador. Patrocínio para bancar o ciclo olímpico até Tóquio-2020 é fundamental. Porém, em tempos de crise econômica no país e o foco longe do Brasil após os Jogos do Rio, a negociação não é tão simples. Mesmo para quem tem tantas conquistas e um nome forte no esporte. A nova classe, segundo o atleta, é 50% mais cara que a Laser.

? Estou em negociação com alguns patrocinadores para isso se transformar num projeto esportivo de longo prazo. Espero que até fevereiro tenha uma definição para darmos sequência e levarmos o ano de 2017 bem a sério. É um ano de investimento, de evolução em vários aspectos ? explica o velejador, que aposta na renovação com o Banco do Brasil, seu patrocinador há anos.