RIO – As camisinhas reservadas para a Olimpíada no Rio foram bancadas com recursos
públicos, da compra à distribuição, e com um preço de aquisição 80% superior a
lotes anteriores. A distribuição de 450 mil preservativos a atletas, técnicos,
outros integrantes das delegações e pessoas credenciadas para trabalhar no
evento é um recorde na história dos jogos. A quantidade ? 350 mil preservativos
masculinos e 100 mil femininos ? é três vezes maior do que a distribuída em
Londres em 2012.
O comitê organizador do Rio- 2016 contou com a iniciativa do Ministério da
Saúde para fazer as camisinhas circularem na Vila dos Atletas, na Barra, e em
outras instalações. A pasta, inclusive, gastou mais dinheiro com a distribuição
do que com a própria compra dos preservativos.
As camisinhas foram fabricadas em Xapuri, numa indústria
do governo do Acre que usa látex de borracha natural. Convênios e contratos
entre a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre e o Ministério da Saúde
garantem o fornecimento dos preservativos. O produto enviado ao Rio partiu de um
desses fornecimentos.
CUSTO ALTO DE DISTRIBUIÇÃO
Um convênio entre fevereiro de 2012 e janeiro de 2014
garantiu a produção e a distribuição de 100 milhões de camisinhas, a um custo
global de R$ 7,2 milhões. Isso significa que cada preservativo custou R$ 0,072.
Um novo acordo foi assinado para o período de junho de 2013 a setembro de 2015,
com a mesma quantidade e o mesmo valor. Sexo e amor
A data de fabricação das camisinhas distribuídas nas
instalações olímpicas é dezembro de 2015. Este lote já é resultado de um novo
contrato, também para 100 milhões de preservativos, mas com preço global de R$
13 milhões, ou R$ 0,13 por camisinha. O reajuste foi de 80,5%. Assim, as 450 mil
camisinhas distribuídas a atletas e outros integrantes de delegações custaram R$
58,5 mil.
O governo também decidiu arcar com os custos da
distribuição. A empresa Carioca Mídia e Locação (Social & Soluções) foi
contratada por R$ 107,78 mil para distribuir os preservativos durante os jogos,
principalmente com 38 dispensadores que precisam estar abastecidos 24 horas por
dia, sete dias por semana, segundo o próprio ministério. Assim, a distribuição
custou quase o dobro do valor das camisinhas.
O Ministério da Saúde forneceu ainda 175 mil unidades de
gel lubrificante para serem distribuídos na Vila dos Atletas e em outros espaços
olímpicos. A pasta explica que o gel também integra a política brasileira de
combate ao HIV, por evitar lesões nas relações sexuais. Lubrificantes são
distribuídos desde 2006 ? 10,8 milhões de unidades até junho passado.
Ainda segundo o ministério, por meio da assessoria de
imprensa, a quantidade de camisinhas foi definida em conjunto com a Secretaria
Municipal de Saúde do Rio e com o Comitê Olímpico Internacional (COI). ?Para os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o COI solicitou ao Ministério da Saúde um total
de 450 mil preservativos, sendo 350 mil masculinos e 100 mil femininos?, disse a
pasta, em nota.
NA COPA, DOIS MILHÕES
A distribuição de preservativos em grandes eventos, como
Copa do Mundo e Olimpíada, ?é uma medida de saúde pública para o combate ao HIV,
Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis adotada pelo Ministério da
Saúde. Na Copa de 2014, por exemplo, foram distribuídos dois milhões de
preservativos, em nove capitais?, afirmou a assessoria do ministério.
Sobre o aumento de preço em 80%, o ministério disse ter
havido mudança de contrato e adequação aos preços de mercado a partir de um
pregão público. A distribuição normalmente é feita pelos parceiros, segundo a
pasta, mas ?não havia os dispensadores necessários?. “A empresa contratada foi
vencedora de um processo licitatório público, conduzido pelo Departamento de
DST, Aids e Hepatites
Virais?.