Enquanto a homossexualidade permanece um tabu em grande parte do mundo esportivo, um time de rúgbi da África do Sul vem fazendo sucesso por bater de frente com o preconceito. O Jozi Cats, primeiro time de rúgbi assumidamente gay na África do Sul, lançou no último mês uma campanha caracterizando seus jogadores com gírias e estereótipos direcionados à comunidade gay, alguns usados muitas vezes com carga homofóbica.
A ideia da campanha, segundo o presidente do clube, Teveshan Kuni, era atrair novos jogadores. De acordo com Kuni, no entanto, o impacto da campanha vem ajudando a naturalizar a presença de atletas homossexuais em competições de rúgbi, além de criar um ambiente favorável para que outros pudessem assumir a própria orientação.
— Isso deu início a um debate sobre homofobia no esporte, especificamente no rúgbi. Muitos dos nossos jogadores dizem que não se sentiriam 100% confortáveis na estrutura de um clube tradicional. Eles não poderiam ser autênticos. Também temos vários jogadores que não se assumiram ainda, então nós criamos um espaço seguro para eles jogarem — afirmou, em entrevista à CNN.
O próprio Kuni ilustrou uma das imagens da campanha, que vem com os dizeres “Pillow bitter” (“Mordedor de travesseiros”, em tradução literal). Segundo ele, o rúgbi na África do Sul é considerado um esporte pouco aberto à presença de atletas gays, e pede mais iniciativas que incentivem a inclusão.
— É bom que tenhamos dado início a um diálogo. Esse diálogo é: por que nós ainda precisamos de um time gay? Por que, 22 anos após o estabelecimento da nossa democracia, ainda temos conversas sobre inclusão? Isso já deveria ter acontecido — apontou Kuni.
Chris Verrjidt, um dos jogadores do Jozi Cats que participou da campanha com os estereótipos gays, lembra que a ideia foi tratada como um tema delicado pelo time.
— O que estamos fazendo é tornar as pessoas conscientes do que elas dizem, e como isso pode afetar (a comunidade gay). Um dos nossos jogadores sequer havia se assumido gay para seus amigos e sua família, então para ele foi como um rito de “sair do armário” — citou.