Nos primeiros passos no futebol, em Rio Branco, no Acre, Weverton era centroavante. História repetida algumas vezes em peladas de rua e jogos amadores, um dia faltou um goleiro. Weverton assumiu o gol “como diversão” e, hoje, está na seleção olímpica. Convocado para o lugar de Fernando Prass, ajuda a aumentar a diversidade de um time quase todo concentrado no eixo Sudeste e Sul do país.
Rogério Micale avisou ontem que Weverton era sua primeira opção. Mas confirmou que a seleção tinha obtido a liberação de Diego Alves, do Valencia, da Espanha. Ao falar em plano A, o técnico quis evitar comentários de que o goleiro do Atlético-PR não era nome prioritário. Pesou a favor de Weverton o ritmo de jogo, já que os clubes europeus estão em pré-temporada. E o fato de o deslocamento até Brasília ser mais curto, já que a seleção estreia na Olimpíada na quinta-feira.
Dos 18 convocados, a seleção olímpica tem agora, sem Prass, 13 jogadores nascidos nestas duas regiões. Weverton, que joga no Atlético-PR, se junta a Thiago Maia, volante do Santos, como os dois únicos representantes do Norte do país. O grupo tem os nordestinos Douglas Santos e Walace, além de Felipe Anderson, que nasceu no Distrito Federal.
Após um olheiro o descobrir e levá-lo para o Juventus, do Acre, Weverton chamou atenção numa Copa São Paulo de Juniores, em 2005. Após fechar o gol contra o Corinthians, foi contratado pelo clube paulista, mas nunca se firmou. Rodou o país emprestado, até se projetar na Portuguesa.
? Olho para trás e sinto muito orgulho. Se não deu certo no Corinthians, é porque não era a hora. Se teve que ser na Portuguesa, é porque eu tinha mesmo que vencer ali. Tudo tem sua hora ? disse Weverton, que não imaginava ter chegado sua hora na seleção. ? A gente não paga para sonhar. E eu sempre sonhei. Mas dizer que eu imaginava seria mentira. Tinha uma lista de 35 nomes e eu não estava. Soube ainda dentro do avião, voltando de Recife (o Atlético-PR jogou contra o Sport). Queria logo sair do avião para poder respirar. Liguei pra família e disse: “Prepara o banquete que hoje tem festa”.
O goleiro fez uma viagem no tempo e reconheceu que não é fácil sair do Norte do país e chegar à seleção brasileira.
? Quem está mais no centro do país, corre na reta. A gente corre na ladeira o tempo todo. É importante ter alguém de fora do eixo para motivar os demais e mostrar que a seleção não é só de quem vem de clubes maiores. Estou muito orgulhoso. Não é fácil sair de onde saí e chegar aqui ? afirmou.
A entrevista de Weverton foi marcada pela descontração. Primeiro, ao jurar que não era um centroavante ruim. E, depois, ao dizer o quanto sua vida vai mudar com os novos companheiros na seleção.
? Eu fazia gol, sim ? garantiu. ? Estava brincando com os companheiros do clube. Eu chutava bola pro Marcos Guilherme, pro Nikão… Agora vou chutar pro Neymar. Mas é brincadeira, claro. Bom ter jogadores como estes ao meu lado.
A seleção brasileira estreia no torneio masculino da Olimpíada na quinta-feira, dia 4, às 16h, contra a África do Sul. A partida será no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Estão no Grupo A também as seleções do Iraque e da Dinamarca.