A paixão por um time de futebol pode ser chamada de “amor de verdade”? Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Coimbra e de Aveiro, ambas em Portugal, indica que a paixão por um time de futebol tem algumas semelhanças com laços familiares e até românticos.
Em artigo intitulado “Amor tribal: as correlações neurais do engajamento passional em torcedores de futebol” (“Tribal love: the neural correlates of passionate engagement in football fans”, no original em inglês), seis pesquisadores de Coimbra e de Aveiro se debruçaram sobre as áreas do cérebro que são estimuladas por torcedores em partidas de futebol, tanto do time do coração quanto de rivais.
O estudo identificou reações em áreas do sistema de recompensas do cérebro, associado ao prazer e ao desejo, e também nas amígdalas cerebrais, ligada à noção de fanatismo. De acordo com o artigo, alguns dos pontos de atividade nervosa identificados em torcedores que assistiam a seus times apresentam “similaridades chocantes” com o mapa cerebral do amor romântico e familiar descrito em trabalhos anteriores.
“Os resultados sugerem que o comportamento passional experienciado por torcedores de futebol envolve um grupo similar de estruturas neurais que servem de base para o processamento de recompensas e afeto”, diz o artigo.
Apesar das similaridades, os pesquisadores frisam que o amor “tribal” identificado entre torcedores de futebol não pode ser confundido totalmente com formas românticas.
O estudo indica que os laços produzidos através de um time de futebol apresentam um nível de ativação elevado, especialmente quando há o contraste entre emoções positivas e negativas (isto é, em uma partida entre o time preferido contra o maior rival). Trata-se de um quadro de fanatismo que, segundo o artigo, não é o mesmo que o identificado em estudos sobre amor romântico e familiar.