CHAPECÓ (SC) – O aposentado Osmar Machado completou 66 anos na terça-feira, dia que definiu como o pior da sua vida. Nas primeiras horas da manhã, foi informado, por telefone, sobre o acidente na Colômbia do avião que levava seu filho, o zagueiro da Chapecoense Filipe Machado. Nesta sexta-feira, ao chegar a Chapecó para participar do velório coletivo das vítimas do acidente, Osmar disse acreditar que perdeu o filho por causa da ganância da companhia aérea boliviana Lamia.
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? Foi a ganância do piloto que matou todo que estava naquele avião. Se ele tivesse parado para abastecer estava tudo resolvido. Voar (com combustível no limite) é uma irresponsabilidade do piloto, desespero por dinheiro, para não gastar mais com combustível, não pagar multa. Mas ele também morreu, né? Não pode sentir a dor que estamos sentindo ? declarou o aposentado.
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Osmar também mostrou-se indignado com a postura do presidente Michel Temer que, segundo o que foi informado às famílias, irá participar de um ato no aeroporto de Chapecó na manhã de sábado e não irá à Arena Condá, palco do velório.
? Vou deixar meu filho aqui (na Arena Condá) sendo velado para ir lá no aeroporto dar um abraço nele? Por que faria isso? Só porque ele é presidente? Acho isso uma falta de respeito dele (Temer). Ele que deveria vir aqui consolar as famílias, não a gente ir até ele.
Osmar disse que, após o velório coletivo, pretende levar o corpo do seu filho para Porto Alegre, onde será velado na sede do Grêmio, embora tenha jogado no rival Internacional por 13 aos 21 anos. Embora não tenha recebido sequer um telefone da diretoria do Inter, o aposentado disse que não se sentiu magoado com isso. O enterro será em Gravataí, onde vive a família.
? Meu filho era o meu ídolo. Desde os 9 anos levo ele para os treinos, futebol era a grande paixão dele. Era um menino sério, direito. A última vez que falei com ele foi depois do jogo contra o Palmeiras, quando ele recebeu a braçadeira de capitão. Ele estava muito feliz, realizado.
O aposentado chegou a Chapecó na manhã desta sexta-feira, após dirigir sozinho por quase 500 quilômetros.
? O caminho foi muito difícil. É duro um velho como eu, com 66 anos, enterrar o filho de 32, que morreu no dia do meu aniversário. Eu olhava uns carros grandes na rodovia e pensava: ‘Podia me enfiar embaixo de um desses e acabar logo com isso, com esse sofrimento’. Mas a gente tem que ser forte. Era o que meu filho ia querer ? disse Osmar, muito emocionado.