O grande artilheiro do Carioca não estará na final da Taça Guanabara, neste fim de semana, muito menos no restante do campeonato. Max, de 33 anos, que marcou oito gols em oito jogos pela Cabofriense, já assinou com novo clube e aguarda apenas a entrada do seu nome no BID da CBF para estrear. O destino foi o Inter de Lages, quinto colocado no Catarinense.
A fama de goleador não é nova para Max, que já despontou como candidato a artilheiro da temporada no Brasil em 2015, quando jogava pelo América-RN e marcou 11 vezes no primeiro semestre. Rodar pelo Brasil também está longe de ser novidade: com 13 anos de carreira desde que se profissionalizou pelo Tocantinópolis, em 2004, o atacante chega agora ao 13º clube diferente, todos dentro do país. A Inter de Lages será a primeira aventura de Max, que se notabilizou por Palmeiras e América-RN, na região Sul.
? Não me considero andarilho. A questão é que não sou mais um jovem de 20 anos, que os clubes querem segurar por algum tempo para lucrar depois. Na minha idade, querem o atleta só pelo momento da competição. Quando vem alguma proposta, logo vendem. Não se faz mais futebol com o objetivo de formar craques do time. Hoje em dia o futebol está muito empresa ? reflete.
Foi isto, segundo Max, que aconteceu na curta passagem pela Cabofriense. O time não passou pela fase preliminar do Carioca e acabou relegado à disputa do Grupo X, que definia somente dois rebaixados entre quatro equipes. A Cabofriense se livrou matematicamente da queda na última semana, quando bateu o Bonsucesso por 1 a 0.
Àquela altura, Max já havia recebido propostas, inclusive da Inter de Lages, mas estava decidido a ?cumprir a obrigação? de salvar a Cabofriense da queda. O atacante diz que gostaria de ter ficado para os dois últimos jogos, em uma tentativa de consolidar a artilharia ? o peruano Guerrero, vice-artilheiro com seis gols, ainda terá toda a Taça Rio pela frente com o Flamengo.
? Segurei até o limite, mas infelizmente não foi possível ficar ? explica Max. ? Ficou um gostinho de ?quero mais? por não ter jogado contra os grandes.
FLUMINENSE NA MEMÓRIA
Há pouco menos de três anos, Max havia feito estrago em um grande do futebol carioca. Em agosto de 2014, quando atuava pelo América-RN, o atacante balançou a rede no Maracanã na histórica vitória por 5 a 2 sobre o Fluminense ? o tricolor carioca, que havia vencido o jogo de ida por 3 a 0, acabou eliminado da Copa do Brasil pelo resultado.
Aquele foi um dos primeiros grandes momentos de Max após retornar, no fim de 2013, de suspensão de um ano por doping. O atacante foi flagrado por uso de cocaína em setembro de 2012, logo após assinar contrato com o América-RN, em seu primeiro jogo após ter ficado três meses sem clube. Naquela ocasião ? vitória por 2 a 1 sobre o Ipatinga, pela Série B ? Max sequer havia entrado em campo, mas foi sorteado para o exame e admitiu ter usado a droga quando estava desempregado.
Max, hoje em dia, nem gosta de falar no assunto. Prefere ver como uma página virada, tanto na carreira quanto na vida pessoal.
? Aprendi nesses últimos três anos a valorizar coisas que eu não dava atenção desde a época do Palmeiras (em 2007), ter mais humildade, esperar a minha hora. Lá no Palmeiras, por exemplo, eu ficava fora do time e batia de frente com a diretoria. Isso me prejudicou muito no futebol e na vida também. Ficar dando cabeçada, fazendo besteira… mas Deus me livrou de todo esse mal ? lembra o atacante, que se apegou à religião desde então.
Max, que não se sente confortável com o rótulo de andarilho, também não parece se preocupar muito com os destinos que ainda tem pela frente no futebol. Agora no Inter de Lages, o atacante não abandonou o desejo comum a todo jogador, especialmente os mais jovens, de ter uma primeira chance no futebol europeu. Mas não se trata de uma obsessão maior do que balançar a rede ou simplesmente desfrutar a vida, seja onde for.
? Meu sonho é continuar vivo, cara. Para Deus nada é impossível. Enquanto eu tiver força e saúde para correr e jogar futebol, qualquer sonho vai continuar vivo.