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Nova Zelândia, o país emergente no remo que mira o topo na Rio-2016

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Pense rápido: quando se fala em hegemonia da Nova Zelândia no esporte, qual modalidade vem à cabeça? Muitos devem ter pensado no rúgbi, onde os All Blakcs e seus famosos ‘hakas’ (danças maori feitas antes das partidas) são multicampeões mundiais. Mas o esporte do momento neste pequeno país insular no sudoeste do Pacífico é o remo, cujas competições na Olimpíada do Rio começam neste sábado, às 8h30m, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Remo na Lagoa – 30.07

Sim, o remo. Na Olimpíada do Rio, a Nova Zelândia chega com condições reais de, pela primeira vez na história dos Jogos, liderar o quadro de medalhas nesta modalidade. Há pelo menos quatro provas em que os neozelandeses são favoritos ao ouro: entre os homens, Mahé Drysdale (Single Skiff) e a dupla Eric Murray/Hamish Bond (Dois Sem); entre as mulheres, as duplas Eve MacFarlane/Zoe Stevenson (Double Skiff) e Julie Edward/Sophie MacKenzie (Double Skiff Leve).

Caso os favoritos, todos eles atuais campeões mundiais ou olímpicos, confirmem as expectativas, este já seria o melhor desempenho do país no remo em uma edição de Olimpíada. Também pode ser suficiente para superar potências como Grâ-Bretanha (que levou exatamente quatro ouros em Londres-2012), Austrália e EUA, especialmente se houver um equilíbrio de forças entre as três. Em Londres, os neozelandeses ficaram logo atrás dos anfitriões, com três ouros – dois deles conquistados por Drysdale e pela dupla Murray/Bond, que tentam repetir a dose no Rio.

– A Nova Zelândia não tinha muito sucesso no remo até os Jogos de Munique, em 1972. Com o sucesso do time de Oito Com e a medalha de ouro, a partir dali o esporte entrou no imaginário do país – explica Alistair Bond, de 27 anos, membro do time de Quatro Sem Leve neozelandês.

O primeiro ouro olímpico do país no remo viera nos Jogos do México-1968, com o time de Quatro Com. Mas foi a glória na prova de Oito, considerada a mais “charmosa” do remo, que colocou a Nova Zelândia no mapa de uma modalidade que, a bem da verdade, tem tudo a ver com o país – e não só pelo passado de ex-colônia da Grã-Bretanha, considerada o berço do remo como esporte competitivo.

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– Acho que é um esporte muito adequado à Nova Zelândia, fisiologicamente falando. Temos muitas pessoas altas e capazes de praticar esportes que exigem resistência, como o remo, no qual um sprint dura sete minutos. Além disso, somos uma pequena ilha, estamos cercados por água. Isso deve ter alguma contribuição – avalia Rob Waddell, gigante de 2,01m, chefe de delegação da Nova Zelândia na Rio-2016 e ex-remador, ouro no Single Skiff em Sidney-2000.

TRADIÇÃO DA ESCOLA

Waddell concorda que a vitória do time de Oito em Munique-1972 é um marco simbólico para a ascensão do remo na Nova Zelândia. De lá para cá, foram mais 15 medalhas olímpicas, sendo sete de ouro. Mas nada se sustentaria, garante ele, sem uma forte contribuição do sistema escolar na formação de novos atletas.

– O programa escolar cresceu bastante nos últimos dez anos, tornou-se cada vez maior – atesta Bond. – Temos um trabalho muito forte na escola secundária, com campeonatos nacionais. Esse é um ótimo trabalho para criar talentos.

A principal novidade do país na Rio-2016 é o time de Oito feminino, que conseguiu classificação inédita para uma Olimpíada. Exceto por Rebecca Scown, bronze no Dois Sem em Londres-2012 e atualmente com 32 anos, todas as outras remadoras jamais têm idades entre 21 e 26 anos e vão fazer sua estreia nos Jogos como fortes candidatas a medalha: foram vice-campeãs no Mundial de 2015, ficando atrás apenas das americanas, atuais bicampeãs olímpicas.

Neste sábado, dos quatro barcos da Nova Zelândia favoritos ao ouro, três vão para a água: Mahé Drysdale abre o dia nas baterias do Single Skiff masculino. Mais tarde, entram em cena o ‘Kiwi Pair’, como são conhecidos Eric Murray e Hamish Bond, do Dois Sem, e depois a dupla feminina do Double Skiff, Eve MacFarlane e Zoe Stevenson. As competições, realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas, começam às 8h30m e seguem até por volta de 13h.