RIO ? ?Ele é uma muralha?. Não se trata de Alex, do Flamengo, convocado por Tite. O goleiro em questão é o iraniano Meysam Shojaeiyan, de 27 anos e 1,97m, e a frase é de Luis Felipe Gomes, chamador do Brasil ? aquele cara que fica atrás do gol no futebol de 5, para cegos, e orienta os atacantes na hora do chute. Meysam, que não tomou gol até agora na Paralimpíada, é a muralha a ser batida na partida deste sábado, que vale a medalha de ouro, entre Brasil e Irã, às 17h, no Centro Olímpico de Tênis. Paralimpíada – 16/09
Essa é a quarta final consecutiva que o Brasil disputa em quatro edições, desde que a modalidade entrou para o programa. E até agora é o único vencedor: em Atenas-2004 bateu a Argentina, em Pequim-2008 venceu os donos da casa e, em Londres-2012, a França.
? Ele é muito alto, bate a cabeça na trave e tem envergadura. É técnico e pega bem no alto e nas bolas rasteiras. Ou seja, para marcar contra ele tem de ser pelos cantos, na hora que o atacante se sentir bem, de acordo com a autonomia e a percepção, tentando surpreendê-lo ? analisa Gomes, apostando em Jefinho, que gosta de chutar bola a meia altura. ?Nossos jogadores terão de usar a percepção mais do que nunca. Dou as instruções, mas a decisão do chute vai partir muito mais dos atacantes do que da minha chamada.
Na primeira fase, Brasil e Irã se enfrentam e a partida terminou empatada em 0 a 0. Como a seleção do técnico Fábio Vasconcelos, ex-goleiro do Brasil, já estava garantida nas semifinais, ele não usou o time titular. Em 2016, o Brasil também jogou contra o Irã, campeão asiático em 2014, num desafio internacional. E venceu por 3 a 0, com o rival incompleto.
Além do confronto com o Brasil, o Irã empatou com a Turquia e venceu o Marrocos na Paralimpíada. Na semifinal com a Argentina, empatou em 0 a 0 e venceu nos pênaltis com uma defesa de Maysam. Já o Brasil venceu todas as partidas, com exceção de um empate, justamente com os iranianos.
? O favoritismo era da Argentina ? lembra Gomes, que ontem lamentava não ter descoberto, ainda, o ponto fraco do goleirão Maysam.
? Muita gente pensa que, pelo fato de não enfrentarmos a Argentina, entraremos mais tranquilos. É o contrário. Se o Irã chegou à final e tirou a Argentina, tem méritos. Joga muito na retranca e tem atletas fortes nessa área ? alerta Jefinho, autor dos dois gols contra a China na semifinal.
O atacante, que no último jogo ganhou grito da torcida (?Jefinho é melhor que Neymar?), espera grande empolgação para hoje, mas teme ficar perdido em campo por causa do barulho, que, na última partida, dificultou que ouvisse os guizos da bola.
Hoje, o Brasil terá força máxima, incluindo Ricardinho, que machucou a cabeça na última partida e levou quatro pontos. A seleção não perde uma competição desde 2006, quando a Argentina venceu um Mundial, em casa, contra os brasileiros. Fábio era o goleiro.
? Essa invencibilidade nos dá tranquilidade. A pressão é do rival. Na hora adversa, a gente reage bem, como na semifinal, em que perdíamos de 1 a 0 e revertemos a situação ? garante o artilheiro Jefinho, à véspera da final.