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Micale se sai bem em perguntas espinhosas ao convocar seleção para Olimpíada do Rio

unnamed (7).jpgTranquilo, voz serena, o técnico que terá a missão de comandar a seleção brasileira em busca do inédito ouro na Olimpíada do Rio passou simplicidade e confiança em sua primeira entrevista coletiva desde que recebeu a missão. Após anunciar a lista dos 18 convocados que disputarão os Jogos (confira aqui), a partir de agosto, Rogério Micale, 47 anos, enfrentou o batalhão de jornalistas com seus canhões de perguntas, e se saiu bem. O ponto fraco destacado pelos críticos – a falta de experiência em grandes competições, já que construiu a carreira sempre nas divisões de base – foi tratado de forma honesta e segura. E até quando respondeu sobre Neymar, um tema espinhoso, demonstrou confiança e humildade, ao admitir que não conhece o jogador pessoalmente e avisar que não se deixará pautar por impressões de outros.

Seleção olímpica de futebol

Micale é o treinador da seleção sub-20 desde 2015, cargo que assumiu após a demissão de Alexandre Gallo. Na gestão de Dunga como técnico da seleção principal, trabalhou na condução da equipe olímpica em amistosos, mas, segundo o planejamento da época, não dirigiria o time na Olimpíada. Com a saída de Dunga e a chegada de Tite, foi incumbido da missão. Indagado sobre a como avaliava a seriedade do trabalho de base, após muitas idas e demissões, desde o 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, destacou:

– Eu vejo grande seriedade, porque estou inserido nesse trabalho, e, se não acreditasse nele, não estaria aqui. O que posso falar é do meu momento, que é de estar tarbalhando com o grupo há um ano, e me foi dada a oportunidade de conduzi-los aos Jogos Olímpicos. Não posso falar nem para trás nem para frente, porque ainda vai acontecer. O que posso dizer é que espero corresponder à expectativas – afirmou.

Depois de se destacar nas categorias de base em clubes como Figueirense – pelo qual ganhou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2008 – e Atlético-MG, onde conquistou a Taça BH de Futebol Júnior em 2010 e 2011, Micale tem feito trabalho elogiado na seleção sub-20 e sub-23. Foi vice-campeão do Mundial Sub-20 de 2015, com boa campanha, e comandou o time sub-23 nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, com derrota para o Uruguai na semifinal.

Eu me sinto preparado, estudei, corri atrás, me preparei. Sou um brasileiro como tantos outros. Lutei muito. Fui galgando passo a passo até hoje ter uma grande oportunidade como essa

– Eu me sinto preparado, estudei, corri atrás, me preparei. Sou um brasileiro como tantos outros. Lutei muito. Fui galgando passo a passo até hoje ter uma grande oportunidade como essa. Se me sinto preparado? Sim, mas tem sempre algo a agregar na carreira. E terei um grande suporte, tanto do professor Tite quanto do Eduardo (Edu Gaspar, diretor de seleções da CBF) – destacou Micale. – Cheguei aqui com muito trabalho e sacrifício. Por opção, estive trabalhando até hoje em categoria de base, queria que minhas filhas crescessem com pai em casa. Agora me sinto preparado para galgar um passo no mundo profissional – acrescentou.

Sobre as desconfianças em relação a ele, pelo currículo com vivência exclusiva na base, saiu-se assim, destacando que não pensar em “calar os críticos”:

– Nada foi fácil para mim, tive que batalhar muito e provar em cada degrau a minha capacidade. O desafio neste momento não é diferente. Palavras não respondem. É o trabalho. E nós vinculamos sempre ao resultado. É assim que funciona. O resultado vai dizer. Mas me sinto preparado para realizar o trabalho. O resultado muitas vezes se apresenta sobre situações imensuráveis, a gente não tem controle sobre tudo, mas posso dizer que vou fazer meu melhor, botar em prática tudo que estudei até hoje e que me preparei. Não quero calar nenhum crítico, cada um tem o direito de pensar o que quiser. Quero somente fazer o meu trabalho.

O tamanho da missão, reconheceu, dá um frio na barriga:

– Lógico que sim, se disse que não, estaria mentindo. Sou um ser humano que está tendo a maior oportunidade de sua vida até aqui.

Micale diz que pedirá ajuda a Tite sempre que sentir necessidade:

– É uma honra ter o professor Tite ao meu lado, não vou sentir nenhum tipo de contragimento de recorrer à sabedoria que ele tem. O que eu puder fazer para agregar neste momento é importante. Como ser humano, eu senti, mas olhando para trás e vendo a preparação até agora me traz a segurança de que é um momento para ser saboreado, e que eu possa fazer meu trabalho e colocar minhas ideias em prática. Eu me sinto à vontade e muito confiante de fazer um grande trabalho.

Sobre Neymar, a estrela da companhia, os repórteres quiseram saber como será o relacionamento. E se o camisa 10 terá a braçadeira de capitão.

– Eu vou conhecer o Neymar, olhar no olho, conversar com ele, como homens que somos, e conviver com outros atletas. Vou ver características de cada um. Seria leviano fazer comentário sobre pessoa com quem não tive um mínimo de convivência, não só Neymar como qualquer outro – explicou.