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Martine e Kahena: da rivalidade na adolescência à medalha de ouro

2014 776866667-2014121623827.jpg_20141216 (2).jpgRIO – Um dia, Martine Grael e Kahena Kunze já foram rivais. A dupla que deu a medalha de ouro ao Brasil nesta quinta-feira – a única da vela nesta Olimpíada – disputaram regatas durante a adolescência. A qualidade individual, no entanto, sobressaiu quando elas se uniram. Juntas, venceram o mundial júnior da classe 420 em 2009. GRAEL OURO NA VELA

Depois, veio a separação. Martine fez campanha para o ciclo olímpico de Londres com Isabel Swan, medalhista em Pequim-2008. Elas disputaram a vaga na classe 470, mas o Brasil foi representado por Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan. Fernanda era a parceira de Isabel no bronze conquistado na China.

Foi com a inclusão da classe 49erFX no programa olímpico após os Jogos de Londres que Martine e Kahena voltaram a dividir um barco. Martine fez a proposta à parceira por e-mail. Começaram a velejar em 2013 em um barco que ainda não conheciam. Mas aprenderam rápido. Elas logo venceram os três primeiros campeonatos internacionais que participaram, todos disputados em Miami, nos Estados Unidos, entre janeiro e fevereiro. Em setembro, ficaram com o segundo lugar no campeonato mundial, disputado em Marselha, na França.

O auge veio no ano seguinte. Martine e Kahena foram campeãs mundiais em 2014 em Santander, Espanha. O título fez com que as duas fossem eleitas as melhores velejadoras do ano pela Federação Internacional de Vela. Também foram premiadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro: atletas do ano.

As adversárias reagiram. À medida que o ciclo olímpico se aproximava do Rio, a classe foi se tornando mais parelha. Mas, até setembro de 2015, as brasileiras permaneceram na liderança do ranking mundial, posto que ocupavam desde dezembro de 2013. Em outubro, caíram para segundo, mas recuperaram a posição no ano seguinte. Desde então, não foram ultrapassadas. Em 2016, no entanto, ficaram em sexto no Mundial e haviam subido ao pódio uma única vez em cinco torneios – na segunda posição.

A dupla brasileira chegou à Olimpíada com 13 títulos internacionais do 49erFX na carreira. Com esse currículo e o conhecimento das raias olímpicas – elas venceram os dois eventos-teste para os Jogos -, foram consideradas favoritas ao ouro. Elas, porém, rejeitavam o posto quando podiam. Faziam elogios às adversárias, afirmavam que se considerariam satisfeitas com um bom desempenho e apostavam que o ouro ficaria com a dupla que estivesse melhor na semana.

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VELA EM FAMÍLIA

A medalhas de Martine e Kahena mantêm a tradição de suas famílias. Martine é filha de Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro. Seu tio, Lars, tem dois bronzes. Ela é a terceira geração da família Grael nos Jogos. Seus tios-avôs Axel e Erik Schmid também participaram das Olimpíadas da Cidade do México, em 1968, e de Munique, em 1972.

Já Kahena é filha de Cláudio Kunze, campeão mundial júnior da classe Pinguim.

Ela começou a velejar aos 9 anos, na classe Optmist, pleo Yacth Club Santo Amaro, que fica na represa de Guarapiranga, em São Paulo – mesmo lugar onde Robert Scheidt iniciou no esporte.

As duas iniciaram os estudos de Engenharia Ambiental, mas trancaram o curso para se dedicar ao ciclo olímpico. Kahena estuda na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, e Martine, na Universidade Federal Fluminense (UFF)