BRASÍLIA – Diferentemente do que se previa no projeto original, que passava pelo plantio de milhares de árvores nativas, a neutralização da poluição gerada pela Olimpíada do Rio será toda feita com base em compras de crédito de carbono. Cerca de 60% das emissões serão neutralizadas por uma parceria entre o Comitê Organizador Rio-2016 e a empresa Dow Chemical, que deverá compensá-las. Os 40% restantes serão assumidos pelo estado, que já lançou editais para comprar créditos de carbono.
Com isso, o Rio, que sediou dois dos mais importantes eventos ambientais do mundo, a Eco 92 e a Rio + 20, deve conseguir cumprir a meta de neutralizar as emissões de carbono ? evitando o embaraço de sediar um evento poluidor.
O plantio de árvores também esbarrou em problemas orçamentários, bem como entraves relativos aos locais onde as mudas poderiam ser plantadas. Um membro do Comitê Rio-2016 afirmou que a cidade não tem muitas áreas públicas disponíveis para a ação.
RECICLAGEM
Além disso, há a meta de aproveitar todo o lixo reciclável produzido nas áreas internas dos jogos. cerca de 300 catadores serão contratados e remunerados para fazerem as coletas e triagem do lixo nas arenas e na Vila dos Atletas. O material recolhido será enviado para as cooperativas de catadores. A equipe de sustentabilidade do evento também vai realizar compras sustentáveis e incluir comida orgânica nas refeições dos atletas. A promoção do turismo sustentável e a emissão de um passaporte verde também estão nas metas.
A sustentabilidade ambiental das Olimpíadas foi prejudicada pela crise financeira do governo do Rio de Janeiro, que, depois de assumir metas ambiciosas nessa área se viu obrigado a rever os objetivos e rebaixar as expectativas. Inicialmente, a prefeitura do Rio tinha se comprometido com arenas com selos de sustentabilidade. Não foi possível. Apenas algumas arenas próximas ao velódromo somam pontos verdes por terem vigas de madeira certificada, além de iluminação e ventilação naturais.
IMPASSE NA CEDAE
Um técnico que compõe o comitê de trabalho do Plano de Gestão Sustentável do Rio 2016 conta que o pior resultado será no saneamento. A despoluição da Baía de Guanabara e da Lagoa de Jacarepaguá não será cumprida. Tampouco a promessa de liberar a Lagoa Rodrigo de Freitas para banho.
Segundo ele, isso será tratado em programa do governo do estado após as Olimpíadas. Além da crise financeira, a incerteza sobre os destinos da Cedae ? se fica estatal ou se será privatizada ? embolaram ainda mais os planos verdes. Os recursos para obras de saneamento estavam carimbados, mas o Rio perdeu os prazos para os projetos.