A funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, que contestou o plano de voo do avião da LaMIa, que caiu quando levava a delegação da Chapecoense a Medellín, na Colômbia, foi afastada de suas funções profissionais nesta quinta-feira. Ainda não se sabe o motivo do afastamento. Tragédia Chapecoense – dia 3
Ao receber o plano de voo do despachante da LaMia, Álex Quispe, Celia questionou o representante da empresa aérea sobre a quantidade de combustível listada no documento, que poderia não ser suficiente para a sua chegada ao destino.
De acordo com os documentos, segundo a reportagem do jornal boliviano “El Deber”, o tempo estimado da viagem era de 4 horas e 22 minutos, idêntico ao registrado como máximo para a quantidade de combustível da aeronave. As regras internacionais de aviação exigem que o avião disponha de combustível para pelo menos meia hora a mais do que o tempo previsto no trajeto, porque pode haver necessidade de que a aeronave procure outro aeroporto ou fique à espera de liberação de pista para aterrissar.
A funcionária do aeroporto fez anotações no documento que recebeu da LaMia e descreveu ali, por escrito, a conversa que teve com o despachante da empresa. Celia indagou Quispe sobre a autonomia, ao que o funcionário da companhia aérea respondeu que o comandante do avião, Miguel Quiroga, que era também dono da aeronave e morreu no acidente, tinha garantido que o combustível seria suficiente.
“Não, Celia, a autonomia está boa, chegaremos bem… Nós vamos fazer (a viagem) em menos tempo, não se preocupe. É assim mesmo”, disse Quispe, em fala registrada no relatório.
ÁUDIO DA CONVERSA DO PILOTO COM A TORRE DE CONTROLE:
Áudio revela piloto de voo da Chapecoense insistindo para pousar: ‘Falha elétrica total’
Apesar de fazer as anotações, a funcionária encaminhou o plano de voo para os controladores sem comunicar a autoridade aérea boliviana a dúvida sobre o combustível. Ela teria se convencido com a tranquilidade de Quispe. Celia não tinha autoridade para proibir a decolagem.
A reportagem do “El Deber” tentou entrar em contato com a Direção Geral da Aviação Civil do país, mas eles não quiseram se pronunciar.