Se chegar ao estádio de Los Larios, na zona rural de Xerém, já não é uma
missão das mais simples, jogar futebol ali ontem foi tarefa tão ou mais difícil.
O campo encharcado após forte chuva tornou-se um personagem à parte na vitória
do Fluminense sobre a Portuguesa, com placar construído a conta-gotas, aos poucos: 3 a 0, gols de
Henrique Dourado, Léo e Gustavo Scarpa.
Embora não chovesse mais às 19h30m, o início da partida foi atrasado em meia
hora, já que o campo apresentava muitas poças devido à chuva. Um mutirão de
rodos tratou de tentar deixar o gramado minimamente utilizável ? até o
vice-presidente de Projetos Especias tricolor, Pedro Antônio, ajudou na
drenagem.
Quando o árbitro Pathrice Maia decidiu dar início à partida, às 20h, o campo
ainda parecia ambiente para um anfíbio, mesclando terra com água. O técnico Abel
Braga, como todo carioca, deixou claro que não gosta de dias nublados, muito
menos de um temporal como o que caiu em Xerém:
? Não tem condição (de jogo). Chamam de campeonato mais charmoso, mas todo
ano é isso: problema de campo, tem que jogar em outra cidade ? afirmou Abel
antes de saber que o jogo iria realmente acontecer. ? É a integridade dos
jogadores. Não dá para ver a linha lateral ? reclamou, por fim.
Henrique Dourado deslizou duas vezes no campo encharcado e quase torceu o
tornozelo antes de abrir o placar para o Fluminense, aos 32 minutos do primeiro
tempo.
? É mais na base da superação. Pode ver que nosso futebol não está saindo da
maneira como treinamos. Vamos ter que enfrentar um adversário a mais, que é o
campo ? avaliou o atacante na saída para o intervalo.
No meio de tudo isso, até houve futebol. A Portuguesa deu o primeiro ataque,
aos três minutos, com uma bomba de Peterson que obrigou Julio César a rebater de
qualquer forma, evitando tentar agarrar a bola. Pelo lado esquerdo do ataque
tricolor, menos afetado pelas poças, Wellington e Scarpa engataram boa troca de
passes e o camisa 10 empurrou para a rede, mas o árbitro acertou ao anular por
impedimento.
Já no outro lado, era quase covardia exigir que o lateral-direito Lucas
fizesse jogadas de linha de fundo diante do enorme acúmulo de água nas
imediações da área da Portuguesa. Se não podia avançar, Lucas se adaptou: de
perna esquerda, descolou ótimo lançamento para Douglas escorar de cabeça.
Henrique Dourado apareceu sozinho no meio da área e fez 1 a 0.
LÁGRIMAS DE LÉO
As condições do campo melhoraram no segundo tempo, mas as poças ainda
dificultavam as trocas de passes pelo chão, em velocidade. Quando achou um
pedaço de grama em que a bola não prendesse, aos 12 minutos, o Fluminense chegou
ao segundo gol.
Henrique Dourado escorou lançamento dentro da área e fez o pivô
para Wellington, que viu o avanço do lateral Léo e tocou de letra. Léo encheu o
pé esquerdo e, como o dia combinava com água, foi às lágrimas na comemoração ?
foi seu primeiro gol no time profissional do Fluminense, onde foi revelado.
Aos 42, Scarpa pegou rebote na entrada da área e chutou para fazer o
terceiro. Com a vitória, o tricolor é o único time que ainda não sofreu gols em
três rodadas neste Carioca.
O Fluminense volta a campo na quarta-feira, para enfrentar o Internacional às
19h30m, pela Primeira Liga, no Beira-Rio. Apesar do nome do estádio, a
expectativa óbvia é por menos água.