A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) aguarda apenas a decisão final do juiz Guilherme Schilling, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, para confirmar a semifinal da Taça Guanabara entre Flamengo e Vasco, sábado, no Engenhão, com duas torcidas. O magistrado ainda não recebeu o pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE) para entrar no processo como parte interessada e, com isso, derrubar a liminar que determina clássicos com torcida única na cidade.
A PGE diz que está preparando o recurso contra a liminar e, até quarta-feira, terá apresentado a impugnação à decisão.
Os clubes, CBF e Ferj, que são réus no processo, podem se manifestar contra a decisão e pedir a derrubada da liminar. O Flamengo deve entrar com recurso, mas todos aguardam a decisão da PGE.
Segundo o Estatuto do Torcedor, como a venda de ingressos tem que começar 72 horas antes da data da partida, o local tem que ser definido neste prazo, ou seja, até amanhã. Caso a decisão seja mantida, a opção é levar o clássico para fora do estado, onde a determinação da Justiça fluminense não é válida. Alguns estádios já foram descartados, como Arena das Dunas, em Natal, Arena Pantanal, em Cuiabá, e Mané Garrincha, em Brasília, por motivos distintos. A Arena Amazonas, em Manaus, está em negociação, porém, a questão logística pode ser um entrave, devido à distância do Rio. É a preferência do Vasco. No Flamengo, divide opiniões.
Impasse interno no Fla
O rubro-negro, aliás, se vê diante de um impasse. A diretoria avalia comercialmente jogar fora do Rio com torcida dividida, mas sabe que tem o regulamento a seu favor para mandar o jogo no Engenhão, com sua torcida. No artigo 18, o regulamento do Estadual prevê que o mando de campo é do clube de melhor campanha. A decisão que determinou a torcida única, por sua vez, garante a comercialização ?apenas para a torcida do time mandante?. O presidente Eduardo Bandeira de Mello passou a bola para a Ferj. No entanto, no arbitral da competição, há meses, também ficou definido que os clássicos aconteceriam no Maracanã ou no Engenhão, garantindo, assim que não se desprestigiaria o torneio.
Por outro lado, o presidente vascaíno, Eurico Miranda, que ano passado, com melhor campanha, obrigou o Flamengo a viajar para Manaus pelo mesma competição, aposta que o jogo deste ano terá torcida dividida e a estreia de Luis Fabiano. Em congresso técnico dos clubes da Série A na sede da CBF, em que os jogos fora do Estado de origem foram proibidos no Brasileiro deste ano, os mandatários falaram no assunto.
? Não jogo com torcida única. Primeiro porque é retrocesso, segundo porque é contra o regulamento. O regulamento é claríssimo. Pelo regulamento, joga-se no Maracanã ou no Engenhão. Se a liminar não for cassada, o Vasco não joga. O Vasco joga fora do Estado ? afirmou Eurico.
Já Bandeira foi complacente e até se uniu ao rival.
? Qualquer solução fora do Rio será com acordo entre os clubes. Nós dois somos favoráveis ao jogo com duas torcidas, sem essa besteira de torcida única. Mas, quanto ao local do jogo, ainda não há uma decisão ? disse Bandeira.
Mais de 70 blocos pela cidade
Na manhã desta segunda-feira, a Ferj se reuniu com o Comando do Estado Maior da Polícia Militar para definir o esquema de segurança. A PM vai divulgar o efetivo apenas na sexta-feira. A questão do carnaval também foi tratada na reunião, pois o jogo será no primeiro dia da festa, com a passagem de mais de 70 blocos na cidade ao longo do dia, como o Cordão da Bola Preta, que costuma ultrapassar a casa do milhão.
O Grupamento Especial de Policiamento de Estádios (Gepe) garante que o efetivo para o jogo não sofrerá alteração, pois a responsabilidade do grupo é apenas dentro do estádio e na escolta às organizadas. Em campo, se o Vasco aguarda Luis Fabiano, o Flamengo prepara Berrío para a semifinal. O atacante faz fortalecimento muscular e deve jogar.