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Favoritos na Libertadores enfrentam problemas como desmanche e greve

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A década começou promissora para estabelecer período mais extenso de domínio brasileiro na maior competição do continente. Mas, após quatro títulos seguidos de clubes nacionais na Libertadores desde 2010, já se passaram três edições sem que um time do Brasil chegue à final. Para voltar ao topo, é preciso superar rivais de peso. Nesta edição, porém, os problemas adversários podem ser uma vantagem.

Caderno especial da Libertadores – 07.03

De todos os apontados como favoritos, o que mais se enfraqueceu foi o atual campeão, o Atlético Nacional. Os colombianos se desfizeram de boa parte dos jogadores que levaram o título de volta ao país após mais de dez anos e o dinheiro foi investido num moderno centro de treinos. O volante Valencia (ex-Flu e Santos), o atacante Dayro Moreno (para o lugar de Miguel Borja) e o meia Aldo Ramírez estão entre os reforços.

O bicampeonato é considerado um feito difícil de ser alcançado. Em Medellín, ainda contabilizam as baixas sofridas na última temporada. Do elenco de 30 jogadores campeões, o Atlético Nacional perdeu 11, um time inteiro, elencado por Cárdenas, Mejía, Guerra, Castañeda, Borja, Pérez, Sánchez, Berrío, Moreno, Ibarbo e Copete.

Diante de tantas perdas, a permanência do técnico Reinaldo Rueda é considerada um trunfo pela imprensa colombiana, algo que mantém viva uma esperança de alcançar o feito inédito de dois títulos seguidos.

? Com um técnico trabalhador e ganhador como Reinaldo Rueda, o bicampeonato é possível para o Nacional. Mas não há nada ganho. A única coisa que ficou clara logo após a volta olímpica foi a necessidade de começar a construção de um novo time se o clube quisesse voltar a vencer ? explicou José Orlando Ascencio, subeditor de esportes do jornal colombiano ?El Tiempo?:

? E há duas virtudes: a memória tática está intacta, e a equipe alternativa quase venceu a Liga no segundo semestre.

Os atuais campeões ainda tentam se ajustar e têm feito boa campanha no início do Colombiano, apesar de a imprensa local ainda duvidar do ataque, que sofreu baixas significativas ao perder Berrío (Flamengo), Moreno (Manchester City/cedido ao La Coruña) e Borja (Palmeiras). Bernardo Redín, interino enquanto o técnico Reinaldo Rueda se recupera de uma cirurgia no quadril, tem armado o time no esquema 4-5-1. Mosquera e Dayro Moreno têm jogado mais adiantados, com Macnelly Torres como um legítimo camisa 10.

SEM RITMO NA ARGENTINA

Sem o Boca Juniors, a Argentina estará representada pelos dois últimos campeões do país, o River Plate (2015) e o San Lorenzo (2014), além do sempre competitivo Estudiantes (quatro títulos). Um pouco mais abaixo na briga estão Lanús, Godoy Cruz e Atlético Tucumán, que disputará o torneio continental pela primeira vez.

Os argentinos apontados como favoritos entrarão na fase de grupos da Libertadores sem poder medir as suas forças em jogos oficiais devido ao impasse causado pela rescisão com o governo dos contratos de transmissão dos jogos na TV pública ? que culminou em greve dos jogadores por falta de pagamento de salários pelos clubes. A última partida do campeonato local foi em dezembro.

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Na Florida Cup, nos Estados Unidos, o último torneio oficial (ainda que amistoso) no qual um favorito daquele país deu as caras, o River Plate, campeão da Copa da Argentina, tricampeão da Libertadores, perdeu para o Vasco na disputa pelo terceiro lugar. Apresentou-se como uma equipe que gosta da posse de bola, de trocar passes, mas com dificuldade de criação. Problema causado devido à falta de jogos oficiais. O que é, segundo o técnico do time de Buenos Aires, Marcelo Gallardo, uma desvantagem. Sem D?Alessandro, de volta ao Internacional, é Lucas Alario, de 24 anos, o destaque ofensivo. Ponzio segue como ídolo e capitão. Na zaga, Maidana é referência.

? Teremos que nos preparar mentalmente, porque vamos dar vantagem. Não chegaremos nas melhores condições ? disse o técnico Gallardo ao ?Clarín?.

No tetracampeão Estudiantes, o presidente e ídolo Juan Sebastían Verón ficou de desistir da aposentadoria e entrar em campo com o time.

Já o San Lorenzo do técnico Diego Aguirre perdeu o atacante Cauteruccio para o Cruz Azul, do México, mas manteve o zagueiro Caruzzo, uma das referências do time, ao lado de Néstor Ortigoza, que se recuperou de lesão.

No Uruguai, Peñarol e Nacional são, respectivamente, 7º e 5º no campeonato local. O Peñarol, pentacampeão, deposita suas esperanças em Arias, de 23 anos, artilheiro do time. Com três títulos da Libertadores, o Nacional é liderado por Diego Polenta, zagueiro de 24 anos.