Velejadora diz que vai precisar arriscar mais do que o habitual para chegar ao pódio no Rio ? lugar onde vem sendo colocada desde que foi campeã mundial da classe 49erFX em 2014 ao lado da proeira Kahena Kunze. Elas estreiam nesta sexta-feira, às 13h
Como está sua cabeça antes da estreia?
Nos últimos três meses, eu estive num mix, às vezes queria que a Olimpíada chegasse logo, às vezes queria que fosse um pouquinho depois. Por um lado, estamos razoavelmente prontas e temos poucos ajustes para fazer. Por outro, queremos fazer esses ajustes da melhor maneira possível.
O que fizeram nos últimos dias de treino?
Testamos muito o equipamento. Desde o meio da campanha, nós conseguimos guardar bastante equipamento para escolher os melhores agora. E, na última semana, focamos em algumas manobras.
Sente que as adversárias respeitam vocês por causa do título mundial?
Com certeza tem um respeito mútuo. Eu tenho um respeito grande por elas. Mas, agora, está na hora de dizer “cara, eu vou te arrasar” (risos). Quero ganhar delas com certeza.
Como é a relação com as outras velejadoras?
A gente tem na cabeça que algumas são muito fortes: a holandesa, a italiana, a dinamarquesa e a argentina. Acho que a Olimpíada vai ser muito difícil. Muito mesmo. A vela tem muitas situações que podem levar ao protesto (pedido de reparação). E o que tem se falado é que a gente precisa saber quem são as mais chatas, que podem levar qualquer situaçãozinha para a sala de protesto.
Ser protestada é sua maior preocupação?
Na minha vida inteira eu sempre evitei, ao máximo, estar em uma sala de protesto. Muitas coisas na vela podem ser resolvidas fora da água, quando você chega perto do adversário e diz ?poxa, achei que você estava errado? ou então ?foi mal, errei”. É muito melhor. Só que, na Olimpíada, alguns técnicos e equipes ficam dizendo que tem que protestar. Então, é sempre uma incógnita saber o que vai acontecer. Os recordes dos Jogos Olímpicos Rio-2016
O que é mais difícil na regata?
Para mim, é a largada. Na regata, você tem momentos em que ganha ou perde posição e precisa manter a cabeça boa para conseguir se recuperar. Eu prefiro muito mais um sexto lugar vindo de 20º do que ficar em segundo numa disputa pelo primeiro. Regatas que você recupera de 20º para sexto são as que contam.
O que vai fazer a diferença na Olimpíada?
Acho que não ter uma colocação muito ruim. Muitas velejadoras não conseguem ser constantes ao longo dos dias. Elas tiram um primeiro e depois um 15º. Esse 15º mata. Sinceramente, acho que vai ser definido por quem estiver melhor na semana. Quem tiver sua melhor performance com uma pitadinha de sorte.
Vocês arriscaram na regata das medalhas do Mundial deste ano. O que aconteceu?
O último dia foi muito difícil. A gente não conseguia identificar um padrão do que estava acontecendo. Estava uma loteria, foi horrível. Saímos de segundo com chance de medalha para o sexto lugar. Acho que foi o pior dia velejando da minha vida.
Em que momento vocês arriscam tudo?
Quando você está na frente, é bom não arriscar muito. Arrisca mais quem está atrás. Escolher um lado pode fazer você ter um ganho maior ou chegar em último.
Como vai ser na Olimpíada?
Acho que vamos ter que tomar muitas decisões assim, arriscadas. No Rio, é grande a chance de achar que o vento está de um lado e descobrir que ele está de outro. Então, quem arrisca tem uma chance maior aqui.
Está cansada de ouvir pergunta sobre seu pai (o bicampeão olímpico Torben Grael)?
Desde o começo, as pessoas focaram sempre nesse assunto de família e água da Baía. Ficam nesse eixo. Às vezes, gostaria de falar mais do momento que a gente está passando. Tem muita coisa acontecendo com a gente. Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016