O gesto nobre do Atlético Nacional de pedir à Conmebol para que seja dada para a Chapecoense o título da Copa Sul-Americana pode encontrar entraves no regulamento da competição. Para o vice-presidente da Federação Colombiana de Futebol, Jorge Perdomo, é preciso analisar o regulamento e o estatuto da competição para saber se é possível simplesmente entregar a taça para o clube catarinense sem jogar a final da competição.
O Atlético Nacional havia solicitado que o título fosse dado para o clube brasileiro como uma forma de homenagem às vítimas da queda do voo que iria para Medellín, onde seria disputado o primeiro jogo da final do torneio nesta quarta-feira. No estádio Atanásio Girardot, a torcida do Atlético Nacional fez uma grande homenagem às vítimas na noite desta quarta-feira.
– Ainda não há uma decisão porque tanto para a Conmebol quanto para nós não está claro (o que pode ser feito). É um gesto nobre (oferecer o título) e temos que enaltecer o Atlético Nacional e o futebol colombiano, mas não está claro se é pertinente do ponto de vista do regulamento e do estatuto entregar um título em reconhecimento póstumo. Não tenho certeza se estatutariamente é possível fazer.
Perdomo explicou que as dificuldades se devem também a uma série de compromissos comerciais que já estavam estabelecidos.
– A Copa Sul-Americana tem uma série de compromissos comerciais de televisão e patrocínio, o que significa que a Conmebol terá que cobrir os prejuízos da não realização das partidas da final. Há uma questão de ordem econômica – afirmou.
APOIO AO ATLÉTICO NACIONAL
Perdomo, no entanto, fez questão de dizer que apoia o gesto do Atlético Nacional de oferecer o título à Chapecoense.
– Respaldamos a posição do Atlético Nacional, inclusive sabendo que isso seria prejudicial ao futebol colombiano, pois reclamaríamos no congresso que seria realizado em Montevideo (suspenso pelo acidente) que em caso de título do Atlético Nacional que a vaga na Libertadores vá para um clube do mesmo país. Isso nos abriria uma vaga a mais. Mas diante do gesto nobre, precisamos respaldá-lo. Só tenho minhas dúvidas de que isso seja procedente do ponto de vista do regulamento, além dos prejuízos econômicos.
Campeão da Libertadores, o Atlético Nacional já estava classificado para o torneio do ano que vem. Caso o time colombiano também fosse campeão da Copa Sul-Americana, a Conmebol definiria que a vaga ficaria para o futebol da Colômbia, vindo do campeonato local. Se o título for dado para a Chapecoense, a equipe catarinense disputará a Libertadores em 2017.
Caso o título não seja dado para a Chapecoense, será preciso arrumar outra data no calendário para a disputa da final do torneio. Para isso, o time brasileiro precisará se reerguer e montar uma nova equipe. Logo, muito provavelmente, não seria possível disputar essa decisão ainda em dezembro. Além disso, o Atlético Nacional estará neste mês disputando o Mundial de Clubes, no Japão.
– Escutei essa versão e a razão é lógica. Quando, por razão de força maior, se suspendem partidas de ida e volta para definir o campeão da Copa Sul-Americana, a primeira medida é que se suspenda e não se cancele, sendo que haverá necessariamente uma data posterior que permita que essa partida de ida e volta aconteça. Paralelamente temos visto a solidariedade dos clubes brasileiros que estão oferecendo jogadores gratuitamente ao clube afetado e proposta de que não seja rebaixado. Pensamos que, uma vez reconstituída essa equipe, poderia se jogar a final em partidas de ida e volta, mas esta será uma decisão do Comitê Executivo do qual não faço parte – acrescentou Perdomo.