A seleção masculina brasileira de ginástica empolgou, neste sábado, o público na Arena Olímpica do Rio e foi empurrada para a História. Na primeira vez em que classificou o conjunto completo para as Olimpíadas, a equipe ficou em sexto lugar e vai disputar a final. Todos os atletas se classificaram também para finais individuais e, além do individual geral, estarão presentes na decisão de três dos seis aparelhos, ? o salto, as barras paralelas e o cavalo com alças são as exceções. Links Ginástica0608
? Para vocês (jornalistas) terem uma noção, a gente ficava a dez pontos do Japão (em torneios anteriores). Hoje, foi um ponto. A história que o Brasil fez hoje está feita. Amanhã ou depois, a gente não sabe o que vai acontecer. Mas ficar a um ponto da melhor equipe do mundo… Olha onde a gente está ? comemorou Francisco Barretto, classificado para a decisão da barra fixa.
Arthur Zanetti, campeão olímpico, estará na final das argolas. Ele se classificou em quinto, com 15.533, quase quatro décimos atrás do chinês Yang Liu, que liderou a classificatória. O ginasta não apresentou sua série principal e, para a decisão, vai acrescentar um décimo na sua nota de partida ? parâmetro que mede a dificuldade de execução dos movimentos.
? A estratégia é diminuir um pouquinho a nota de partida nas classificatórias (fase encerrada ontem). Agora, na final, é fazer a série oficial e ver esses detalhes, de balanço, posição de corpo, para tirar a melhor nota.
No individual geral, as chances brasileiras estão com Sérgio Sasaki e Arthur Nory. Diego Hypólito, assim como em Pequim-2008, vai para a decisão no solo.
Hypólito renasce no solo
Diego Hypólito caiu, levantou, chorou e sorriu. Teve dúvidas, que o levaram a treinar mais forte. Falante, fechou-se por alguns meses. Neste sábado, foi o personagem principal da trama que pôs o Brasil em cinco finais, incluindo a por equipes ? feito inédito, logo na primeira vez em que o conjunto brasileiro completo se classificou para os Jogos Olímpicos. Diego soltou a voz e as lágrimas:
? Esse vai ser um dos momentos que vou guardar para o resto da minha vida ? disse, ao ser lembrado da torcida gritando seu nome após a bela apresentação no solo.
Oito anos depois de se classificar, em primeiro lugar, para a final do solo na Olimpíada de Pequim, o bicampeão mundial passou de novo para a etapa decisiva. Desta vez, em quarto lugar, resultado de uma apresentação sólida e uma chegada perfeita ao tablado. A nota, 15.500, não foi a mais alta da carreira, mas, com os ajustes comuns na fase decisiva, o põe na briga pelo pódio. Na China, em 2008, o favoritismo terminou em frustração e em queda. Quatro anos depois, em Londres, foi ao chão de novo, na fase classificatória.
? Eu passei por dois Jogos que não foram fáceis para mim. Eu tive incertezas nesses anos. E, nessa reta final, (de preparação), eu queria muito (estar nas Olimpíadas).
O ciclo olímpico também não foi simples. Diego chegou a figurar entre os reservas da seleção e foi o último nome convocado. Especialista no solo ? competiu também no salto, mais para ajudar o conjunto na disputa por equipes do que almejando uma final ? e viu atletas que disputam todos os aparelhos crescerem de produção. A comissão técnica estudou a situação até o limite e escolheu Diego pensando exatamente na sua chance de chegar à decisão. A estratégia superou as expectativas, já que o fato de ter apenas três generalistas no conjunto ? Sérgio Sasaki, Arthur Nory e Francisco Barretto passam por todos os aparelhos ?, em tese, enfraqueceria a seleção na disputa por equipes.
? Eu tinha praticamente certeza de que eu não iria para a Olimpíada. No dia em que foram anunciar os nomes, eu estava agachado, e os treinadores falando, falando? Na minha cabeça, eu estava assim: ?Fala logo que eu não vou, eu sei que eu não vou”.
Diego veio e ainda passou por uma mudança há um mês. Passou a treinar com Marcos Gotto, o mesmo de Arthur Zanetti, depois que o técnico Fernando de Carvalho Lopes foi afastado da seleção. Ele é investigado pelo Ministério Público de São Paulo, suspeito de abuso sexual.
? O Zanetti e o Marcos são exemplos. Nunca me senti tão amparado e blindado como o Marcos fez comigo. Nesse momento final, eles que fizeram a diferença para mim ? elogiou. O Brasil na ginástica artistica