OSLO – A holandesa Dafne Schippers e a jamaicana Elaine Thompson, ambas de 23 anos, são de mundos diferentes, mas quis o atletismo que elas cruzassem seus caminhos numa disputa que mostra o que há de melhor nos 200m feminino no último ano. Elas são, respectivamente, atuais campeã e vice-campeã mundial da distância e vêm medindo forças neste início de temporada que terá seu ponto alto nos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. Nesta quinta-feira, em Oslo, pela segunda vez nesta Liga Diamante, a dupla se enfrentou na distância. E, novamente, Dafne levou a melhor e, de quebra, estabeleceu o melhor tempo do ano: 21s93. Elaine foi a segunda, com 22s64. A brasileira Rosângela Santos foi sexta, com 23s65.
– Estou satisfeita com a minha corrida. Fiz uma boa curva. Queria correr na casa dos 21 segundos. E consegui. Isso me dá confiança para o Rio – disse Dafne.
A primeira vez que as duas se enfrentaram havia sido em Eugene, nos Estados Unidos, no último dia 28. Dafne ficou na segunda colocação (22s11) enquanto Elaine foi terceira (22s16). Na ocasião, ambas foram superadas pela americana Tori Bowie que com 21s99 havia estabelecido o melhor tempo do ano na distância – até ser superado por Dafne nesta quinta-feira. Tori tem feito um belo início de temporada. Nos 100m da etapa de abertura da Liga Diamante, em Doha, no último 6 de maio, ela venceu os 100m com 10s80, o melhor tempo do ano até o momento. Dafne também estava na prova qatari, e terminou em segundo com 10s83.
Nascida em 15 de junho de 1992, na gelada Utreque, cidade localizada ao centro da Holanda, Dafne não foge do estereótipo principal de seu país: é loira de olhos azuis. Negra e dona de um belo sorriso, Elaine também não é diferente da maioria dos jamaicanos. A vice-campeã mundial é apenas treze dias mais nova que Dafne e nasceu na calorosa Manchester, cidade de belas praias ao centro-sul da Jamaica.
Até o encontro no Mundial do ano passado, principal competição da carreira de ambas, as duas tiveram caminhos diferentes no atletismo. Elaine sempre foi velocista, desde os tempos das competições colegiais. Já Dafne começou pelo heptatlo, e chegou a ser medalhista de bronze na modalidade no Mundial de Moscou, em 2013. No entanto, após o último Mundial, ambas deram novos dimensionamentos aos seus nomes e, hoje, aparecem entre os principais nomes do atletismo na Rio-2016. Além do pódio nos 200m, em Pequim-2015, Elaine foi campeã no revezamento 4x100m e Dafne ficou com a prata nos 100.
– Acredito que nós duas nos surpreendemos no ano passado. Foi uma corrida perfeita para ambas. Éramos jovens e boas velocistas. Foi muito especial – disse Dafne, ao lado de Elaine, que concordou com a afirmação da holandesa.
Perguntada sobre se era bom ter uma atleta de alto nível e mesma idade competindo junto, Elaine foi categórica:
– A gente acaba se incentivando ao ver a outra competindo. Temos a mesma idade. E uma acaba mostrando para a outra que é possível chegar lá (conquistar bons resultados).
RENAUD LAVILLENIE VENCE
Dafne também vai correr os 100m na Rio-2016. Ela prefere os 200m, pois não é tão boa na largada, como ela mesmo reconhece. Já Elaine ainda espera uma posição de seu treinador. No entanto, nesta temporada da Liga, as duas conquistaram bons resultados na prova mais badalada do atletismo. Além do segundo lugar em Doha com 10s83, Dafne venceu a etapa de Birmingham, no último dia 5, com 11s23. Já Elaine vencera em Doha, no último dia 2, com 10s87.
Nesta quinta-feira, além dos 200m feminino, o salto com vara masculino chamou grande atenção do público. Na disputa, o atual campeão olímpico Renaud Lavillenie saltou 5,80m e levou a melhor em cima do atual campeão mundial, o canadense Shawn Barber, que ficou não passou 5,73m e ficou na segunda colocação. Em terceiro colocado, ficou Pawel Wojciechowski, com 5,65m.
*Repórter viaja a convite da IAAF