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Bruno Fratus volta à piscina dos Jogos e diz temer por futuro da natação

Bruno Fratus, a maior esperança de medalha do Brasil nos Jogos do Rio e que decepcionou ao terminar em sexto lugar na prova dos 50m livre, volta neste domingo a competir na piscina do Parque Olímpico, no Desafio Raia Rápida, a partir das 10h. Essa será a última competição realizada nesta instalação dos Jogos de 2016, que vai ser desmontada e desmembrada em dois centros de treinamento que, por sua vez, serão montados em locais a definir.

Na sexta-feira, quando treinou para o evento, uma disputa entre Brasil, Estados Unidos, África do Sul e Itália, o fluminense de Macaé, de 27 anos, contou o que veio à cabeça ao pisar novamente no palco olímpico.

? Pensei: ?Que bosta!? A sensação é essa. Não foram quatro anos, um ciclo olímpico. Foram, pelo menos, dez anos, desde que nado profissionalmente pelo meu atual clube, o Pinheiros. É como se, em dez anos, essa tenha sido a melhor oportunidade da minha vida, e eu perdi. A melhor oportunidade em dez anos foi embora ? desabafou Fratus que, após o sexto lugar, saiu da piscina e, visivelmente decepcionado e contrariado, foi ríspido com uma repórter de TV quando questionado se estava chateado.

Natação Brasil Olimpíada

Na ocasião, ele respondeu: ?Não, tô felizão?. Depois pediu desculpas pela grosseria. Hoje, o nadador brinca com o episódio e até criou uma hastag (#tofelizao), usada com frequência em seu perfil no Twitter.

Fratus falou, no entanto, que ?tá preocupadão? com os escândalos que envolvem a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Uma ação do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo pediu o bloqueio de bens e o afastamento de parte da cúpula da entidade esportiva, incluindo o presidente Coaracy Nunes, no cargo desde 1988. O cartola é acusado de improbidade administrativa, desvio de recursos públicos e fraudes em prestações de conta de convênios do Ministério do Esporte. Principal fonte de renda da CBDA, o contrato com os Correios foi colocado em xeque.

Via nota, a estatal informou que cobrou esclarecimentos sobre o episódio à entidade, assim como acesso à denúncia. Informou ainda que estuda a renovação ou não do patrocínio, vigente desde 1991 (a parceria vai até novembro de 2016).

? Tô preocupadão ? disse Fratus, que emendou: ? Tenho medo de que toda essa história prejudique a natação num momento em que a gente estava crescendo. Não acho que fomos um fiasco nos Jogos do Rio, apesar de não termos conquistado medalha. É preciso manter o investimento para chegar lá. E esse escândalo pode afastar investimentos, nossa imagem pode ser prejudicada. Tenho receio de que pensem que não somos sérios. Agora tínhamos de pensar no próximo ciclo olímpico e não em caso de polícia.

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FUTURO DO ESPORTE ‘ESTÁ TURVO’

O nadador, que havia sido quarto lugar em Londres-2012 nos 50m livre, só quer pensar em Tóquio-2020 e enterrar o que passou. Seu plano A é continuar em Auburn, nos Estados Unidos, com o técnico Brett Hawke, para onde se mudou em 2014.

Por enquanto, vou torcer para o novo governo manter o Bolsa Atleta e Bolsa Pódio, e que os Correios não deixem de apoiar a CBDA

? Por enquanto, o futuro da natação está turvo. Só quando as águas estiverem claras poderei dizer se é possível me bancar lá. Por enquanto, vou torcer para o novo governo manter o Bolsa Atleta e Bolsa Pódio, e que os Correios não deixem de apoiar a CBDA ? disse Fratus, que afirma não querer ser apenas medalhista mundial e campeão dos torneios nacionais Maria Lenk e José Finkel. ? Existe uma seleção natural no esporte, e muitos ficam pelo caminho, cedem às pequenas dificuldades. Eu não vou me contentar em nadar finais ou ganhar Maria Lenk. Preciso de uma medalha olímpica. Não posso e não vou encerrar a carreira sem ter conquistado isso. Não quero ser um atleta frustrado.

Não foi apenas Fratus que fez água no Rio-2016. A natação brasileira ficou sem pódio, algo que não acontecia desde Atenas-2004, mesmo com a maior delegação da história (33 nadadores).

No desafio deste domingo, além de Fratus (nado livre), o Brasil terá Henrique Rodrigues (costas), Henrique Martins (borboleta) e João Gomes Jr. (peito). De todos os competidores, apenas o americano Anthony Ervin brilhou nos Jogos do Rio, com dois ouros.

Os brasileiros são os atuais campeões da competição.

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