Festas na alta sociedade, endereço no Edifício Chopin, bailes no vizinho Copacabana Palace, camarotes na Marquês de Sapucaí… Uma vida cercada de luxo, glamour e celebridade em colunas sociais ao lado do marido, o empresário Andre Ramos, é habitual para Bruno Chateaubriand. Só que o carioca de 41 anos, vaidoso da cabeça aos pés, com cabelo impecável, que combina a cor do sapato com a camisa, além da calça com a pulseira de seu chamativo relógio, também tem um lado atleta pouco conhecido.
Desde 7 de janeiro, o jornalista e empresário assumiu o cargo de presidente da Federação de Ginástica do Estado do Rio de Janeiro (FGERJ), sucedendo a ex-ginasta Andrea João, que comandou a entidade por 17 anos.
Hexacampeão brasileiro de ginástica de trampolim, Chateaubriand compôs a chapa única e foi aclamado para exercer o cargo nos próximos quatro anos, com o desafio de reerguer a FGERJ e tentar mudar o panorama da modalidade no estado.
– Quero gerar novos negócios e estimular competições. Precisamos aproximar o empresário, que tem vontade de ajudar e contribuir com o esporte. Não falo só de alto rendimento. O principal é a base – afirma o recém-eleito presidente, que também será jurado do Estandarte de Ouro no Carnaval do Rio em 2017.
Empresário de atletas e artistas, diretor de comunicação de uma editora de casamentos e, agora, presidente de uma federação de ginástica. Versátil, gosta de frisar que sua chegada à federação surgiu da vontade da classe.
– Não me candidatei para ser presidente. Fui indicado por clubes e filiados. Pensei: “Vou deixar o barco correr”. Não criei expectativas e tudo aconteceu – diz o ex-atleta, que integrou a seleção de ginástica de trampolim entre 1992 e 1998. – Estive na seleção entre 1992 e 1998. Participei de mundiais e só não fui à Olimpíada porque, na época, a ginástica de trampolim não era olímpica. No ano passado, fui convidado para ser padrinho do Time Brasil na Rio-2016 e isso voltou a despertar a luz que estava no peito.
AUSTERIDADE FISCAL
E Chateaubriand já aprendeu que, como presidente da Fgerj, vai precisar “se virar nos 30”. Ainda sem a sede física da federação, o dirigente recebeu a reportagem na sua mansão, em uma parte bucólica da Gávea e com a Floresta da Tijuca como quintal. No meio da conversa, para e oferece um cafezinho. Com contratos e boletos de pagamentos em mãos, o dirigente afirma que conseguiu o aluguel de uma sala na Avenida Rio Branco, centro do Rio, com vista para Baía de Guanabara, em forma de comodato.
– Após ser eleito, passei o pires mesmo. Uma amiga francesa, dona de um instituto, me cedeu uma sala. O aluguel mensal do local custa R$ 7 mil, fora o condomínio e o IPTU, que custam mais R$ 1 mil. Ou seja R$ 8 mil mensais, que somariam R$ 96 mil por ano. Uma economia – conta. – Do valor que recebemos mensalmente, R$ 5 mil vem dos filiados, com mensalidades que giram em torno de R$ 200 em média, e mais R$ 1 mil da CBG.
Em quatro anos, tem a meta de economizar R$ 384 mil. O valor mensal em caixa é de apenas R$ 6 mil, o mesmo valor que ele pagou em contas de janeiro, do próprio bolso. Ele garante que foi uma doação e que não irá cobrar.
Antes de assumir a função, Chateaubriand já trabalhava como empresário de seis ginastas: os irmãos Diego e Daniele Hypolito, Arthur Nory, Jade Barbosa, Flávia Saraiva e Caio Souza. As três meninas pertencem ao Flamengo, um dos 25 afiliados da Federação do Rio, fatores que poderiam ser vistos com desconfiança. Mas o ex-atleta nem pensa em deixar suas funções e não encara a situação como problema:
– Assumi o cargo sem receber nada, para ajudar a reerguer a federação. A Andrea João tinha duas filiadas e foi presidente por 17 anos. A mãe do Arthur Zanetti, o maior ginasta do país, foi eleita presidente da federação de São Paulo agora. Não tem como alguém assumir um cargo e não ter ligação com esse esporte.
REPERCUSSÃO POSITIVA
Diretor da ginástica do Fluminense, Ricardo Batista é otimista quanto à gestão de Chateaubriand. O fato de o novo presidente ser empresário de alguns ginastas não o incomoda No entanto, espera que isso seja trabalhado de forma separada, sem que interfira nas questões dos clubes com a federação.
– Ele é uma figura conhecida, pode ser útil para o esporte. Mas fica em uma situação delicada, uma vez que tem atletas de um determinado clube ligados a ele. Mas imagino que ele não vai se queimar por isso. Seria uma exposição negativa para marca do Bruno – afirma.
A ex-ginasta Tatiana Figueiredo, que disputou os Jogos de Los Angeles-1984 e tem uma escolinha filiada à federação, tampouco vê problemas nas atividades de Chateaubriand:
– Se a pessoa é envolvida, quer ajudar, isso já é ótimo. É tão difícil encontrar alguém para esse cargo, que não é remunerado, e se doar, dar o seu tempo… Estou muito otimista.