A cada arrancada próxima à linha lateral do San Lorenzo, Berrío, mesmo sem entender bem o português, sentia o calor da torcida do Flamengo empurrando-o em direção ao gol. O primeiro contato do colombiano com a galera no Maracanã foi amor à primeira vista. E os rubro-negros descobriram que a velocidade não é sua única virtude. A noção tática na marcação, a raça, sempre exigida, e o espirito de Libertadores, competição da qual foi campeão em 2016, formam uma lista que torna improvável que o camisa 28 saia do time. Não fosse somente isso, o atacante tem números na parte física que dificultam a permanência de Mancuello no time titular. Flamengo 09.03
No Atlético-Nacional, da Colômbia, Berrío realizou um treinamento para aprimorar a técnica de corrida, semelhante ao que os grandes corredores do atletismo fazem. No curso, aprendeu a coordenar movimentos de braços e pernas e correr na ponta do pé como Usain Bolt e companhia. Além da boa genética, o treinamento permite que ele se aproxime dos 40 km/h de velocidade máxima.
O preparador físico do Flamengo, Daniel Gonçalves, rechaçou o estudo que aponta Berrío como o segundo mais veloz do mundo, atrás de Gareth Bale, do Real Madrid, devido aos números dos demais concorrentes. Mas crê que o atacante do Fla pode ser o mais rápido do planeta no futuro.
? Ele tem toda a mecânica. A velocidade é determinada geneticamente. Impressiona pela facilidade com que vence a inércia e pela velocidade prolongada. Tem que continuar sendo trabalhado para atingir valores mais elevados e um dia possa ser o mais rápido do mundo ? diz.
O clube teve recentemente grandes corredores. Marcelo Cirino, ainda na Gávea, também chamou atenção pela velocidade em arrancadas. Agora, Berrío é o mais rápido do elenco, e também o mais forte. A relação entre a massa muscular e a corporal é boa, segundo Gonçalves, o que faz a força para a execução do movimento ser maior. Por isso, em vez de pedir a bola no pé, Berrío está entre os que gostam de ser lançados na frente.
? O que faz ele ser rápido é ter mecânica com joelho alto, corrida na ponta do pé, não é espalhada, realça o movimento para a frente. Em profundidade, o corredor do atletismo leva vantagem. Jogador tem que ser bom de largada, vai fazer um pique de 30, 40 metros no máximo, mesmo com boa velocidade prolongada. Tem que ser bom nos primeiros passos ? afirma o preparador físico.
DIEGO NÃO SERÁ O 10 NO CARIOCA
Não foi apenas Berrío que satisfez o torcedor do Flamengo. Também caiu bem a camisa 10 do Flamengo em Diego. Se nos primeiros minutos parecia que o número eternizado por Zico pesava diante de um San Lorenzo bem postado na estreia da equipe na Libertadores, o meia provou o contrário com um gol e bons passes na vitória por 4 a 0. Inscrito na competição com a 10, já que a numeração só vai até 30, Diego vai voltar a usar a 35 no Estadual, apesar de a troca ser autorizada. No Brasileiro e na Copa do Brasil, ele deve ser voltar a usar a 10. A camisa era usada por Ederson, que ficou com a 7 de Marcelo Cirino na Libertadores.
? Zico só tem um, não vai existir outro, mas claro que serve de inspiração ? reconheceu Diego, após marcar de falta o primeiro do Flamengo no Maracanã, na quarta-feira.
Contratado com status de estrela no ano passado, Diego mostra que já está bem adaptado ao clube. A parte física e a técnica exuberante andam lado a lado a uma postura de capitão sem braçadeira. Líder técnico, o novo camisa 10 confirma, no campo, que já é o principal jogador do Flamengo.