Em novembro, o Exército apresentou os números para a manutenção do Complexo de Deodoro, que contém as melhores estruturas do país para sete esportes: hóquei na grama, tiro, hipismo, pentatlo, canoagem slalom e os ciclismos BMX e de montanha.
Para 2017, o custo de quatro dessas instalações está estimado em R$ 45,4 milhões só para despesas gerais, como água, luz e manutenção predial. A verba será repassada ao Exército via convênio com o Ministério do Esporte ? falta saber quanto custa a remontagem da arena multiuso, que recebeu o rúgbi. As três estruturas restantes, da canoagem e dos ciclismos, foram cedidas à prefeitura.
Como 30% dos atletas de elite do Brasil são militares, o Exército procura saídas jurídicas para atrair receitas além das tradicionais, a fim de garantir qualidade e uso dos equipamentos do legado.
Em outros países-sedes, o esporte se aliou ao turismo para manter as arenas e poupar cofres públicos. Em Barcelona, onde as estruturas são públicas, os órgãos mantêm uma agenda comercial de eventos e de aluguéis para federações nacionais e internacionais. Na Austrália, onde são privadas, os donos programam eventos com as secretarias de turismo e as confederações esportivas.
O desafio de Crivella será estender a Deodoro um corredor turístico-esportivo, que equacione as restrições de segurança e hotelaria com a boa mobilidade e atrativos, e que traga sustentabilidade acompanhada de resultados sociais, com formação de atletas das comunidades vizinhas. É tempo de enfrentar os problemas e iniciar um ciclo virtuoso que ajude o esporte e alivie os cofres públicos.
*Pesquisadora pós-doutoral em Inovação no Esporte