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Antes criticado por atitudes como capitão, Neymar vive fase mais tranquila na seleção

SÃO PAULO – Neymar renegou a braçadeira para tentar ser o capitão de que a seleção precisa. Sem ela amarrada em seu braço, o atacante do Barcelona parece mais solto e menos propenso a levar cartões e a desfalcar a equipe. Desde que o rodízio de capitães foi implantado por Tite, o craque deixou de ter a sua liderança questionada. Na terça-feira, ele fez o primeiro treino com o time, no CT do São Paulo. SELEÇÃO 20/03

Neymar tirou o peso da responsabilidade de ser o capitão, mas não perdeu a patente em campo. É o líder, a referência. Na Era Tite, não tem tomado muitas atitudes que possam ser questionadas, como já foram as do passado.

Em abril de 2016, uma reunião na CBF entre dirigentes e comissão técnica já debatia a necessidade de tirar a braçadeira do craque. Era muita responsabilidade, e Neymar parecia não dar a devida importância ao posto.

Ao levar o segundo amarelo contra o Uruguai, pelas eliminatórias, perdeu o importante jogo com o Paraguai, em Assunção, numa rodada em que a seleção terminou fora da zona de classificação para a Copa do Mundo da Rússia, após o empate em 2 a 2.

Naquela ocasião, Neymar se apresentou por último e saiu primeiro. Suspenso, deixou a concentração em Viamão (RS) antes do jogo com o Paraguai. Era esperado que manifestasse desejo de seguir na delegação, mesmo fora da partida, e desse apoio, como capitão.

Ele já havia deixado a seleção no meio da Copa América, no Chile, em 2015, ao ser expulso após o apito final no jogo com a Colômbia e pegar quatro jogos de suspensão.

Depois daquelas ?escapadas? do Chile e de Viamão, com Dunga ainda no comando, ele virou o capitão/jogador que esperavam que fosse. Há sete meses, batia o pênalti decisivo nos Jogos Olímpicos do Rio para dar o título inédito ao Brasil, enquanto a seleção principal caminhava para os seis jogos de invencibilidade.

São trajetórias que se confundem. Antes questionados, Neymar e a seleção voltaram a ter sucesso. Contra a Argentina, ele marcou seu 50º gol e passou a ser o quinto maior goleador do Brasil.

Apesar de ter quatro cartões amarelos nas eliminatórias, um a menos que os cinco que levou no total com a seleção em 2015, Neymar aguentou a pressão e a perseguição que sofreu em campo e saiu dos dois últimos jogos, contra Peru e Argentina, sem levar um amarelo.

Em comparação com o seu momento no Barcelona, os dois jogos sem cartão são um oásis. Na temporada na Europa, o atacante levou 13 amarelos, um recorde pessoal no time catalão. Em 2015/2016, foram 11, 2014/2015, 8, e em 2013/2014, 9.

Com Tite, Neymar foi suspenso uma vez ao levar o segundo cartão na goleada sobre a Bolívia. Provocado por Azogue em boa parte do jogo, não resistiu e se envolveu em confusão naquela partida, na qual foi decisivo, com seu show à parte nos 5 a 0.

FIRMINO NO ATAQUE

Sem o uruguaio Suárez, suspenso, Neymar será a principal atração da partida e opção do Brasil para tentar derrotar uma seleção que não perde no Centenário há sete anos (24 jogos), mesmo que o calendário não permita um trabalho regular para reunir o grupo. Depois de quase 130 dias entre uma convocação e outra para as eliminatórias, Tite pôde, enfim, dar um treino com todos reunidos.

Pela primeira vez, o técnico armou a seleção que enfrentará o Uruguai amanhã, em Montevidéu.

Sem Gabriel Jesus, lesionado, Roberto Firmino ganhou a vaga no ataque. O time: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro; Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Firmino.

A seleção seguiu ontem para Montevidéu. O treino oficial no Estádio Centenário acontece na noite desta quarta-feira.