Fazendo as pazes com você, foi o tema da palestra com a jornalista e escritora Daiana Garbin, que trabalhou durante oito anos na Rede Globo e hoje se dedica ao site e canal “Eu vejo”, ajudando mulheres que sofrem de transtorno alimentar, doença que enfrentou durante dezesseis anos. “Transtorno alimentar é uma doença mental e não um excesso de vaidade. É uma vergonha do seu corpo e de quem você é. Eu pensava em comer 24 horas por dia, sonhava que estava comendo e quando comia muito, sentia culpa e me punia. Hoje entendo que sentir fome é sinal de saúde, uma pessoa que não sente fome está doente, pois sentir fome é do organismo vivo, que precisa de alimentos e nutrientes para viver”, relata Daiana.
O transtorno alimentar iniciou ainda criança, quando aos cinco anos ao se olhar no espelho Daiana chorou por não gostar do próprio corpo. “A relação com o nosso corpo vem desde criança e também do relacionamento que temos com nossos pais. Existe um estudo mostrando que 20% das meninas com anorexia morrem. São doenças sérias, que trazem muito sofrimento e infelizmente poucas pessoas têm conhecimento”, esclarece a jornalista.
A compulsão pelo controle do corpo e alimentação se estendeu durante dezesseis anos e junto com isso o vício em remédios para emagrecer. “Eu tinha medo e raiva da fome, por isso usava remédios para emagrecer e fiquei completamente viciada dos 14 aos 25 anos. Infelizmente é comum mulheres utilizarem laxantes e diuréticos para emagrecer, o que elas desconhecem é o mau que estão causando para sua saúde utilizando esses métodos”, alerta Daiana.
A indústria da beleza
Daiana Garbin também falou sobre o padrão de corpo imposto pela indústria da beleza, propondo às mulheres a desafiarem o padrão irreal de corpos perfeitos. “Fazer as mulheres se sentirem feias, gordas ou inadequadas é uma das estratégias usadas pela indústria da beleza para aumentar ainda mais seus lucros. Existem muitas revistas que ditam qual é o padrão de beleza ideal e o nosso papel é desafiar esse padrão”, diz Daiana.
Para a professora de espanhol, Charlene Mortele, a palestra foi inspiradora. “Ela falou muitas verdades que às vezes não nos damos conta. Merecemos ser amadas e felizes, independente do nosso peso na balança”, expressa Charlene.
A acadêmica do curso de Nutrição do Centro Universitário de Cascavel – Univel, Jheniffer Santos de Araújo compreendeu a palestra como uma forma de ajudar outras mulheres. “Eu amei a palestra, ela falou sobre um assunto que de certa forma todas as mulheres passam alguma vez na vida. Temos que ser felizes com o nosso corpo e não seguir o que é imposto pela mídia”, diz a estudante.
Ame-se
Ao final da palestra, Daiana respondeu perguntas do público e deixou uma mensagem de reflexão. “Transtorno alimentar tem tratamento e cura, basta que você peça ajuda. Hoje entendo que eu queria preencher um vazio aqui dentro com comida. Que dor é essa que você está tentando compensar com a comida? Reflita. Todos nós fracassamos e aprender a abraçar a dor, o sofrimento e a vulnerabilidade é muito importante em todos os aspectos da nossa vida. Você merece ser amada, independente do tamanho do seu corpo”, finaliza Daiana.