Educação

Analfabetismo se combate com mais investimentos e qualificação de professores

Pesquisa, ainda de 2019, apontou 11 milhões de pessoas acima de 15 anos ainda analfabetas

Analfabetismo se combate com mais investimentos e qualificação de professores

 

 

Brasília – O investimento na formação de professores foi apontado por especialistas como providência necessária para melhorar os índices de alfabetização no País. Em seminário sobre o tema promovido na última semana pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, debatedores mostraram preocupação com os efeitos da pandemia de Covid-19 no ensino das crianças e na evasão dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

De acordo com a edição 2019 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o Brasil tem 11 milhões de pessoas acima de 15 anos que são analfabetas. Dados de um levantamento de 2018 revelam também que 29 milhões de cidadãos são considerados analfabetos funcionais, com pouca capacidade de ler e interpretar um texto.

Diante desses e de outros números, a representante do Fórum de Educação de Jovens e Adultos no Centro-Oeste, Claudia Costa, salientou a importância da alfabetização das crianças, mas pediu atenção especial para aqueles um pouco mais velhos, com programas que estimulem a continuidade dos estudos.

“Educação de jovens e adultos precisa estar na boca de todas as pessoas que ocupam cargos públicos e que estejam, de fato, preocupadas com essa modalidade”, comentou.

 

Ações do governo

Integrantes do Ministério da Educação listaram as ações governamentais ligadas à alfabetização, como a disponibilidade de R$ 1,1 bilhão do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) para a retomada segura das aulas presenciais, programas de acompanhamento familiar para o desenvolvimento da leitura e de formação específica para professores de creches e pré-escola.

Para a presidente da Câmara de Educação Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação), Suely Menezes, a implantação da BNCC (Base Nacional Curricular Comum) exige atualizações nos currículos e no material didático para a alfabetização. Ela lembrou que a atividade pressupõe levar em conta o contexto do aluno e que falhas nessa etapa de ensino repercutem no restante da vida escolar.

“A proposta é que as crianças aprendam conhecimentos e desenvolvam competências e atitudes para a vida, e não exclusivamente para passar de ano ou alcançar bons resultados nas provas”, explicou.

 

Pandemia

Parlamentares presentes ao seminário temem que as consequências da crise sanitária piorem ainda mais os índices de analfabetismo. O deputado Diego Garcia (Pode-PR), autor do requerimento para a realização do evento, lamentou que os números sobre alfabetização não reflitam os investimentos feitos nos últimos anos. Ele propôs a criação de um grupo, na Comissão de Educação, para continuar a discutir o assunto.

A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), presidente da comissão, apontou uma lacuna no incentivo do MEC à Educação de Jovens e Adultos e reiterou a necessidade da busca ativa dos que estão fora da escola e apoio aos sistemas municipais de educação diante da crise sanitária.

“Muitos sistemas se organizaram, com a produção de material de apoio, com aulas on-line, alguns com canal, inclusive com TV aberta, mas obviamente a criança que estava no seu primeiro processo de escolarização tem números muito preocupantes”, relatou Dorinha. “O estado do Ceará, referência na área de alfabetização, fez estudo recente que revela uma redução significativa no desempenho dos alunos.”

O secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, informou que estudantes do 4º ano do ensino fundamental participarão, em novembro e dezembro, de um estudo que vai medir o grau de compreensão de texto de alunos de vários países.

 

 

 

Marcia Baldini cobra investimentos

Investimento

Vários especialistas destacaram a complexidade do processo de aprender a ler e escrever, mas criticaram a BNCC, apontando objetivos confusos e falta de exigência de habilidades aos alunos da pré-escola, diferentemente do que acontece em outros países. João Batista Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, reiterou a importância de melhorar o nível acadêmico dos professores. “Temos de atrair para o magistério pessoas que pensem bem e tenham boa formação intelectual”.

Secretária de Educação de Cascavel e representante da Undime (União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação), Marcia Baldini também cobrou investimento na formação de professores e nos materiais de apoio. “Se queremos bons resultados na educação, temos de investir, sim, no professor. É necessário que ele tenha conhecimento de como se desenvolvem os alunos, nos aspectos teórico, prático e metodológico”, disse.

 

 

ABR