Economia

Produção de milho no Paraná deve alcançar recorde de 16 milhões de toneladas

Enquanto os novos números apresentam pequeno crescimento na estimativa de produção de milho, há confirmação de perdas em torno de 9 milhões de toneladas na soja

Colheita de milho - 2021. Foto: Gilson Abreu/AEN
Colheita de milho - 2021. Foto: Gilson Abreu/AEN

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, fechou abril com estimativa de pequeno aumento na produção de milho da segunda safra 2021/22, reforçando a previsão de que os produtores colherão uma safra recorde do cereal no Estado. Em relação ao mês anterior, a projeção subiu de pouco mais de 15,9 milhões de toneladas para 16 milhões de toneladas (0,53%). Isso se deve, sobretudo, à reavaliação de área plantada em 30 dias – de cerca de 2,6 milhões de hectares para 2,7 milhões hectares (0,30%).

Previsão Subjetiva de Safra (PSS), apresentada nesta quinta-feira (28) pelos técnicos do Deral, aponta também que a produção de soja deve ficar em torno de 11,8 milhões de toneladas. Ainda que a observação a campo demonstre um pequeno aumento em relação ao projetado em março (11,5 milhões de toneladas), o resultado confirma perda superior a 9 milhões de toneladas diante da previsão inicial, devido às condições climáticas adversas em períodos fundamentais no desenvolvimento dos grãos.

No geral, a estimativa da safra paranaense 2021/22 é de pouco mais de 36,6 milhões de toneladas, com variação positiva de cerca de 10% em relação aos 33,3 milhões de toneladas do ciclo anterior, que foi bastante afetado pela estiagem e geadas. “O relatório não apresenta grandes surpresas”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

Há confirmação das perdas já anunciadas em relação à safra primavera/verão, que deve ter pouco mais de 15,1 milhões de toneladas de grãos, enquanto a de cereais de verão/outono está estimada em volume pouco superior a 16 milhões. “Vai recompor a oferta tanto no Paraná quanto no Brasil, ajudando a dar uma apaziguada nos custos de produção das proteínas animais”, afirmou Ortigara.

GRANIZO – O secretário também falou sobre as ocorrências climáticas da última semana na região Oeste do Paraná. Segundo ele, os relatos ainda são iniciais e os números devem ser depurados nos próximos dias. “Estima-se que foram perdidos, por granizo, mais de 22 mil hectares de milho, dos quais 9 mil só em Maripá, uma perda por baixo de 130 mil toneladas ou mais de milho que não serão colhidos”, disse.

O volume representa cerca de 5% da safra da regional de Toledo, boa produtora de milho. Em relação ao Estado, significa algo em torno de 0,85% da produção. “Perda sempre é perda e lastimamos porque era uma safra para tentar refazer a vida depois do prejuízo grandioso com a perda de soja na safra primavera/verão, mas no contexto geral teremos uma produção agrícola sem grandes traumas”, ponderou Ortigara.

Para o chefe do Departamento de Economia Rural, Marcelo Garrido, a estimativa mostra uma tendência que já era verificada desde o início do ano: a consolidação das perdas nas safras afetadas sobretudo pela estiagem e uma aposta dos produtores nas culturas de milho e soja. “É importante observar que, apesar dos problemas enfrentados recentemente, sobretudo climáticos, o produtor não desistiu de semear a terra, ainda que mude um pouco o foco de sua atividade principal”, afirmou. “A previsão é de uma grande safra”.

MILHO E SOJA – De acordo com o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio, se confirmadas as previsões apontadas pelo relatório mensal, o Paraná terá recorde de produção e também de área para a segunda safra da cultura do milho. O levantamento mostra que as condições boas são percebidas em 96% da área e somente 4% são consideradas medianas. As 16 milhões de toneladas previstas devem chegar ao mercado a partir de maio. “Deve trazer um abastecimento geral para o Estado”, afirmou o técnico.

No caso da primeira safra, a colheita já atingiu 96% da área, com produção estimada em 2,9 milhões de toneladas. A estimativa de boa produção na segunda safra (no Brasil a previsão é de 88 milhões de toneladas) e a valorização do Real frente ao Dólar já provocaram uma queda de 14% no preço do milho recebido pelo produtor em relação a março. Na semana passada, a cotação da saca de 60 quilos estava em torno de R$ 71,00.

Gervásio também comentou sobre a confirmação da perda de 9 milhões de toneladas de soja, cultura bastante prejudicada pelas condições climáticas no ano passado e início deste. O rendimento por hectare foi bastante prejudicado, caindo de 3.549 quilos para 2.094. A colheita está quase toda encerrada, restando aproximadamente 2% da área estimada de 5,6 milhões de hectares para ser colhida.

A estimativa é que, a preços de hoje, o prejuízo em relação à movimentação de recursos tenha superado R$ 25 bilhões. A saca de 60 quilos paga ao produtor está cotada próximo a R$ 170,00. É uma queda de 10% se comparada com a cotação média de março, mas representa aumento de 7% em relação ao que era pago em abril de 2021.

FEIJÃO – Em relação à primeira safra de feijão, a quebra de 30% foi sacramentada, o que se deve às condições de plantio no ano passado, bastante afetado pela seca. Durante o desenvolvimento, o clima também não contribuiu, em razão dos ventos gelados e chuviscos, seguida de seca a partir de dezembro. Da previsão de 276 mil toneladas caiu para 195 mil. Já foram comercializados 92%.

Para a segunda safra, que teve o início da colheita na última semana, as previsões continuam otimistas. Houve aumento de área plantada, chegando a 301 mil hectares. O levantamento feito pelos técnicos do Deral indica produção de 605 mil toneladas. Até agora as condições climáticas favorecem a cultura. “Se isso se confirmar, será a maior safra de feijão no Paraná e podemos, sozinhos, abastecer o Brasil todo em torno de dois meses e meio a três meses”, disse o economista Methodio Groxko.

TRIGO – A PSS de abril mantém a expectativa de que sejam plantados 1,17 milhão de hectares de trigo no Estado, com possibilidade de se colher 3,9 milhões de toneladas, 20% a mais que em 2021. O plantio já iniciou e até agora 3% estão semeados. “Até o momento, as condições de campo foram ideais para a cultura e a umidade disponível no solo deve garantir a continuidade dos trabalhos no início de maio”, salientou o agrônomo Carlos Hugo Godinho.

Segundo Godinho, os produtores vivem este ano uma situação diferente da experimentada neste mesmo período em 2021. Naquele ano, as chuvas adequadas para germinação do trigo ocorreram apenas na metade de maio. Com isso, a expectativa agora é que no encerramento do próximo mês o Estado esteja com meio milhão de hectares semeados. “Isto pode possibilitar um melhor escalonamento da safra atual, diminuindo a concentração do plantio e, consequentemente, minimizando o risco do produtor”, disse.

(Fonte: AEN/Foto: Gilson Abreu)