Brasília – O socorro do governo às micros e pequenas empresas não chega nem perto de ser satisfatório, revela estudo realizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) sobre a estimativa de crédito necessário para financiar o capital de giro dessas empresas, este ano.
De acordo com os pesquisadores, a demanda de crédito será de R$ 472 bilhões, mas pelo menos R$ 202 bilhões não devem ser atendidos pelas instituições financeiras.
Dados do chamado Emprestômetro (ferramenta do Ministério da Economia com informações sobre a oferta de crédito às micros e às pequenas empresas) mostram que até o dia 10 deste mês o sistema financeiro havia emprestado R$ 17,69 bilhões, o que corresponde a somente 8,75% do valor que as empresas vão precisar. Se for considerado o valor bruto da demanda de crédito – que é de R$ 472 bilhões -, o socorro do governo não chega a 4%.
Na avaliação do presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), Sérgio Takemoto, a falta de crédito tem uma explicação: “O socorro às micros e às pequenas empresas não chega porque o próprio ministro da Economia [Paulo Guedes] afirmou que [o governo] ganha dinheiro emprestando para as grandes empresas, mas perde socorrendo as pequenas”, lembra.
A afirmação citada por Takemoto foi dita pelo ministro Paulo Guedes na reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado pela imprensa.
Os dados do Emprestômetro concentram os seguintes programas de linha de crédito do governo: Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), Fampe (Fundo de Aval para as Micros e Pequenas Empresas), Pese (Programa Emergencial de Suporte a Empregos) e o FGI (Fundo Garantidor para Investimentos), administrado pelo BNDES.
Estudo da FGV
O levantamento da FGV considerou 17,3 milhões de microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte (MMPEs). Para chegar aos números, os pesquisadores calcularam a estimativa de faturamento que essas empresas teriam em situação normal e a queda do faturamento provocada pela pandemia do coronavírus. Depois, estimaram o crédito necessário para financiar o capital de giro e comparou com o crédito disponível pelo sistema financeiro.
Segundo o estudo, a retomada das vendas para essas empresas é essencial porque, com a falta de crédito, muitas vezes utilizam recursos próprios para financiar a necessidade de capital de giro, principalmente a antecipação de vendas no cartão de crédito.
Com a pandemia e o fechamento do comércio, as vendas caíram bruscamente. Por isso, muitas empresas tiveram de demitir para reduzir custos, causando mais desemprego e acentuando a crise econômica e social. “A oferta de crédito, portanto, é necessária para diminuir os efeitos da pandemia nas duas áreas”, afirma Sérgio Takemoto.
O estudo da FGV também revela que, mesmo antes da crise, a oferta de crédito diante das necessidades das MMPEs já era insuficiente. E ainda: “Vale dizer que esses números desconsideram o fato de que os bancos estão concedendo consideravelmente menos crédito em 2020 do que em 2019.”
Socorro chega tarde
Das linhas de crédito do governo, o Pronampe foi o que mais emprestou. Mas os R$ 15,9 bilhões disponíveis para microempresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões está perto do fim.
“Isso demonstra o desespero do pequeno empresário para salvar seu negócio e o emprego dos seus funcionários”, ressalta o presidente da Fenae.
Ele avalia que o socorro chegou tarde para muitas empresas. “Estávamos em crise antes da pandemia e essas empresas já não conseguiam crédito nos bancos. É importante lembrar que são elas as que mais empregam. Sem o socorro às pequenas empresas, elas não empregam; sem emprego, a gente não sai da crise”, alerta Sérgio Takemoto.
Acic cria canal que orienta empresários sobre crédito
Cascavel – Levar informações, esclarecer dúvidas e orientar o empresário sobre os mais diferentes temas têm sido uma das ações prioritárias da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel). E essa atuação foi intensificada desde março devido aos reflexos da pandemia do coronavírus.
Uma das providências iniciais, lembra o presidente Michel Lopes, foi criar um canal de comunicação e atendimento específico com o associado para esclarecer pontos dos decretos de restrições sociais. A novidade agora, de acordo com ele, é o Canal de Orientação ao Crédito.
Com o suporte de uma equipe interna de colaboradores e outra de orientação, formada por diretores associação comercial, o novo canal tem por função orientar empresários sobre linhas de crédito disponíveis e de como acessá-las.
O Canal de Orientação ao Crédito atende o associado de maneira personalizada, informa o gerente da entidade Cesar Ioris. “Aqui, identificamos a situação do empresário, que então é encaminhado para a instituição parceira mais adequada à sua necessidade. Oferecemos auxílio, inclusive, no processo de documentação quando for preciso, além de acompanhar e dar suporte aos associados após o encaminhamento”.
A atuação do Canal é bastante recente, mas, devido à grande procura, é possível perceber que uma solução como essa era bastante aguardada pelos empresários locais, diz a coordenadora de Marketing, Andrea Marcon.
Linhas
As orientações repassadas são, neste momento, centralizadas em linhas disponibilizadas pelas instituições parceiras: Banco do Brasil, Sicoob, Fomento Paraná, BRDE e Caixa. A Garantioeste (Sociedade de Garantia de Crédito do Oeste do Paraná) também é parceira da Acic e das instituições.
Para acionar o Canal de Orientação ao Crédito, os empresários devem ligar para o número de telefone (45) 3321-1444 ou encaminhar e-mail para [email protected].
Canal de Orientação ao Crédito da Acic
O que o canal faz?
*Tira dúvidas dos associados
*Orienta nesse momento sobre a linha de crédito do Pronampe
*Identifica as necessidades de crédito e encaminha à linha que mais se adapta ao empresário, cumprindo o estabelecido na parceria
*Estabelece um relacionamento com as instituições financeiras parceiras
*Acompanha o processo indicado e quando necessário repassar aos profissionais de apoio do canal