O abuso sexual enfrentado por Joanna Maranhão ainda na infância hoje é o que motiva a nadadora que integra a seleção brasileira a percorrer por todos os lugares do País na luta contra o enfrentamento desse crime.
A propósito da semana dedicada ao debate do assunto, ela veio a Cascavel a convite do grupo ASA (Abusados Sexualmente Anônimos) e antes de uma palestra na Unipar concedeu entrevista coletiva.
Joanna fez de sua coragem em denunciar abusos, um exemplo a ser seguido e dá lições para que mesmo sem superar o trauma, cada vítima encontre força em meio às dificuldades.
“Você não supera o trauma, está na minha memória e na de quem já viveu tudo isso, mas a gente aprende a viver a partir desse trauma e lidar com ele e a buscar o próprio equilíbrio. É uma cicatriz que fica. Então as pessoas precisam aprender a viver, principalmente mulheres que são a maioria, a feminilidade e a sexualidade da forma mais saudável possível”, ressalta.
Em decorrência de abusos e da pedofilia uma lei foi criada com o nome da nadadora e ampliou a prescrição dos crimes. “É uma lei pensando na vítima, uma vez que o crime de pedofilia trata de uma pessoa que exerce poder sobre o menor e isso é conivente para que ele se silencie e se sinta culpado. Antigamente o crime prescrevia quando a vítima fazia 18 anos, pois o enfrentamento costuma vir com a maturidade. Com a Lei Joana Maranhão o tempo para que a vítima possa denunciar se assim quiser e até os 36 anos”, explica Joana.
Embora haja o amparo da Justiça, Joana alerta para a necessidade do diálogo e denúncias.
“Se um pedófilo não é pego logo na primeira vítima ele faz outras 100. Então quando alguma pessoa denúncia seja enquanto menor ou na fase adulta, outras vítimas vão aparecer, isso encoraja para que outras aparecem. Porém só denunciar não é suficiente, pois muitas vezes ela é vítima dentro da própria família”, diz.
Contra o abuso
Além da dedicação com o esporte pela qual representa o país, a nadadora destaca que o trabalho que tem feito trouxe sentido à própria história e luz para quem hoje enfrenta o que ela enfrentou há dez anos.
“O meu trabalho é em prol de toda e qualquer ação contra abuso sexual de menores que não seja por uma linha violenta. Existem muitos pedófilos que foram crianças abusadas na infância, mas não estou em defesa deles, pois precisam ser tratados e a Justiça tem que dar conta disso. A minha preocupação e minha capacidade é de dar conforto e afago às vítimas e pessoas que estão passando por isso em silêncio”.x