RIO ? Útil, simples e honesta, a Vespa está de volta ao Brasil ? só que agora numa onda ?premium?… Na semana passada, a Piaggio, grupo italiano que produz essa linha de scooters (e diversas outros), anunciou seus planos para nosso mercado. E as ambições são grandes.
As operações começam ainda este ano e as primeiras mil unidades vendidas aqui serão uma ?edição especial?. Virão da fábrica de Pontedera, na Itália, diretamente para a casa do comprador, em qualquer lugar do Brasil. Cada uma receberá uma plaqueta com a respectiva numeração ? de ?0001? a ?1.000? ? e uma bandeirinha do Brasil na parte interna da carenagem dianteira.
Os compradores também receberão uma plaquinha com seu nome e a numeração impressa na moto. As laterais do veículo terão adesivos com as cores da bandeira da Itália e o logotipo Vespa. O motor é o quatro tempos monocilíndrico de 154cm³, ?a ar?, com 13cv. Essa série inicial da Primavera custará incríveis R$ 27.930… é o preço de uma boa motocicleta de média cilindrada!
As encomendas da série especial podem ser feitas no site www.vespabrasil.com.br, assim como as da Primavera 125, que custa R$ 22.890. Os preços dos modelos Primavera 150 standard, Sprint 150, GTS 300 e 946 Empório Armani serão revelados até o fim deste mês. Mas, pelos valores anunciados até agora, podemos esperar números para lá de ?premium?.
Em 2018, Montagem em manaus
No ano que vem, a Piaggio manterá a importação, com meta de vender 12 mil unidades. Para 2018, há planos de inaugurar uma linha de montagem em Manaus ? condição fundamental para ter preços competitivos, já que a montagem no país dá isenções fiscais que permitem uma redução de até 30% nos valores, em comparação com a importação (o que não quer dizer que os preços cairão…). Conforme o andamento do mercado, no mesmo ano chegarão novos modelos, e a empresa sonha pôr 35 mil unidades nas ruas do país.
As vendas começam em 22 de outubro. As primeiras lojas serão abertas em São Paulo e Campinas. Mas não as chame de concessionárias: a Piaggio prefere denominá-las de ?butiques?, tentando implementar o que considera ?uma concepção fashion, sofisticada, autêntica e premium?, nas palavras do presidente do Grupo Piaggio Brasil, Longino Morawski (que presidiu a Harley-Davidson quando a marca americana dispensou o representante Grupo Izzo e assumiu as operações no Brasil, em 2013).
A ideia é que os compradores customizem a Vespa digitalmente, escolhendo modelo, cilindrada, cores e até o material do banco. A Piaggio espera ter, até o fim do ano, oito ?butiques? entre São Paulo, Rio, Curitiba e Belo Horizonte. Para a loja carioca, a Vespa está entre dois bairros: Botafogo e Barra. O número de pontos de vendas no país deverá subir para 18 em 2017 e 40 em 2018.
as tentativas anteriores
Foi em 1954 que o Brasil recebeu suas primeiras Vespa importadas. Em 1958, a motoneta passou a ser produzida pela carioca Panauto S.A., com linha de montagem na Avenida Antares, em Santa Cruz. O primeiro modelo nacional tinha motor 2T de 150cm³ (instalado no lado direito, o que desequilibrava um pouco a condução), câmbio de três marchas e linhas mais fluidas do que a rival Lambretta LD.
No fim de 1960, a Panauto começou a montar por aqui o Vespacar, um triciclo que fez fama como carrocinha de cachorro-quente da Geneal. Em 1962, entrou em linha o modelo M4, uma Vespa comum, mas com câmbio de quatro marchas. Apesar do sucesso inicial, a febre das motonetas arrefeceu e a Panauto fechou em 1964.
Em 1974, a Barra Forte Indústria e Comércio começou a montar quatro modelos Piaggio em Manaus: 50cm³, Primavera 125, Super 150 e Rally 200. Isso durou até 1983.
Dois anos depois, as operações foram retomadas pela Motovespa, uma associação da italiana Piaggio (45%) com as brasileiras Caloi (45%) e Barra Forte (10%). Embalada pelo Plano Cruzado, a Vespa PX 200 ultrapassou a Honda CG 125 e foi o veículo de duas rodas mais vendido em 1985!
A Motovespa chegou a ter 140 lojas e 90% de nacionalização. Mas vieram problemas de administração e, em 1990, as atividades foram encerradas.
Entre 1998 e 2000, houve um ensaio de retorno: a Brandy, de Ribeirão Preto, importou da Índia a Vespa 150 Originale. Vendeu pouco, sumiu e ninguém se lembra mais disso. Agora, começa um novo capítulo dessa história.