BELO HORIZONTE (MG) – A cientista política Áurea Carolina, de 32 anos e do PSOL, foi a mais votada para cargo de vereador em Belo Horizonte (MG), no último domingo. Ela obteve 17.420 votos. Foi sua primeira disputa eleitoral e a primeira vez que o PSOL elege uma vereadora na cidade. Áurea tem uma história ligada aos movimentos sociais, é egressa do hip-hop, já foi cantora, e atua em ONGs ligadas às mulheres, negras e LGBT. Fundou o movimento “Muitas pela cidade que queremos”. Ela irá destinar parte do salário aos movimentos de rua, promessa de campanha registrada em cartório. Mas seu objetivo número um na Câmara é aprovar a redução dos salários dos vereadores, de cerca de R$ 15 mil.
? É um abuso, um privilégio esse salário. Ser vereador não pode ser carreira, para se dar bem na vida. Quero um mandato pautado na humildade e sou contra privilégios ? disse Áurea.
Desde que foi conhecido o resultado das urnas, a rotina da cientista política, formada na UFMG, mudou. Cumpre uma agenda de um fenômeno eleitoral: entrevistas, sessões de fotos e muitos encontros. Ela conta o que a levou a disputar a eleição.
? Decidi disputar porque é urgente ter pessoas, com meu perfil, nos espaços de poder. Foi uma ideia construída coletivamente. Nos juntamos no “Muito pela cidade que queremos”, ano passado, com a proposta radical de ocupar também as eleições. Ter influência nos espaços decisórios. Aceitei o desafio e a tarefa histórica, nessa conjuntura golpista e de retirada de direitos. Entendi como um chamado ? afirmou.
Áurea Carolina falou do bom momento do PSOL nessas eleições. Além da ida de Marcelo Freixo ao segundo turno, o partido emplacou vereadoras com a maior votação em três capitais: além dela, Marinor Brito, em Belém (PA) e Fernanda Melchionna, em Porto Alegre (RS). A votação de Áurea permitiu o PSOL eleger ainda Cida Falabella, outra vereadora do partido em Belo Horizonte.
? O PSOL está se tornando uma alternativa à esquerda, depois de tudo que o PT passou. É uma outra forma de fazer política, com participação aberta e afetuosa. Isso está encantando as pessoas.
Para a esquerda, Áurea foi a melhor notícia na capital mineira. A candidata de seu partido à Prefeitura, Maria da Consolação, ficou em sexto lugar. Reginaldo Lopes, do PT, em quarto. Em relação à disputa em segundo turno pela Prefeitura – que será disputado entre João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS) – Áurea diz ser um quadro “dramático”.
? Nenhum dos dois representa nossas lutas. É dramático chegar a esse quadro. É preciso entender o que acontecerá agora. Temos resistência grande aos dois nomes, que trabalham com pautas conservadoras.