Cascavel – Estamos na semana do Natal, tradicionalmente marcada pelas altas temperaturas, porém, este ano o clima está “diferente”. E já é possível perceber dias com temperaturas mais amenas, ou ainda, noites em que um cobertor fino fica de “prontidão”. Uma das estações mais esperadas do ano, o verão, começa nesta quarta-feira (21), a partir das 18h48, com a influência marcante do efeito La Niña, que é o resfriamento da água do Oceano Pacífico e que tem causado uma mudança do ar atmosférico muito significativa.
O professor universitário e agrometeorologista Reginaldo Ferreira, explicou que estamos no terceiro ano consecutivo do La Niña, o que é uma situação bastante rara, já que o comum era intercalar com o efeito normal e com o El Niño. “Isso acaba tendo uma influência em cascata, juntando o impacto dos três anos juntos, porque tradicionalmente o efeito começava em agosto e terminava em dezembro, mas ele começou há três anos e ainda não terminou”, disse Ferreira.
Segundo o professor, o impacto ocorre no mundo todo, mas na Região Sul, especificamente, existe a mudança nas chuvas e nas temperaturas e, por isso, estamos saindo de uma primavera e entrando no verão com dias em que haverá onda de calor muito grande, mas também de um certo ‘friozinho, situação que ocorre em função das massas que conseguem dissipar o calor”.
Ferreira lembrou que com o La Niña as frentes frias entram com mais facilidade, assim como as chuvas e o frio.
Calor x chuvas
O verão se estende até o dia 23 de março e, de acordo com o meteorologista do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), Fernando Mendes, neste primeiro dia da estação, o sol predomina na maioria das regiões do Estado, com tempo parcialmente nublado na Região Metropolitana de Curitiba, Litoral, Sudeste e Campos Gerais, que registraram chuvas intensas nos últimos dias.
Segundo ele, a previsão é que durante o verão o fenômeno La Niña permanece ativo, com disse o professor Reginaldo Ferreira, com intensidade moderada, perdendo força ao longo da estação. “A temperatura média do ar tende a ficar dentro da normal climatológica, mas estão previstos períodos de dias consecutivos de calor intenso, podendo gerar desconforto térmico”, adiantou Mendes.
As temperaturas mais altas devem ocorrer com mais frequência nas regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral. Segundo o Simepar, as temperaturas podem ultrapassar 31ºC no Oeste, em janeiro, e 30ºC no Norte, em março. As mínimas estão previstas para o Sul, região de Guarapuava e União da Vitória, e devem ficar em 16ºC já em março.
O regime de chuvas deve se aproximar progressivamente da média climatológica, com distribuição irregular no tempo e no espaço, a exemplo dos eventos dos últimos meses, com tempestades intensas e rápidas. O verão é a estação mais chuvosa no Paraná.
Fatores climatológicos favorecem as pancadas de chuvas localizadas e de curta duração, com raios, trovoadas, granizo e ventanias, que podem provocar alagamentos e deslizamentos. Também serão comuns as sequências de dias com chuvas entre as tardes e as noites. Em alguns casos, as chuvas são fortes e bastante volumosas.
De acordo com a previsão, as chuvas podem alcançar até 458 milímetros no Litoral em janeiro, e mais de 200 milímetros no Litoral, Sudoeste, Norte e região central em fevereiro.
Fotos: AEN/Sedest
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Campo “agradece”
Sobre as chuvas, o professor salientou ainda que para a agricultura a situação está boa, já que com a soja semeada e sem estiagem, “as plantações estão bonitas”, diferente do ano passado, em que quase não choveu em dezembro e janeiro, o que castigou as lavouras. “No ano passado perdemos soja, mas este ano a situação está mais favorável e isso e bom para todos”, salientou.
Além disso, o prognóstico é favorável para as plantações de milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, café e para a fruticultura. Já as hortaliças demandam cuidado intensivo, pois podem ser afetadas por altas temperaturas e chuvas intensas de curta duração. As condições meteorológicas previstas também favorecem as pastagens.
“Se as previsões se confirmarem, as culturas agrícolas terão bom desempenho e ótima produtividade, pois estão em pleno desenvolvimento devido às chuvas ocorridas na primavera”, afirmou a agrometeorologista do IDR Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural- Iapar-Emater), Heverly Morais.
“Para reduzir as perdas por erosão causadas por eventuais períodos de chuvas intensas, é muito importante fazer o manejo adequado do solo com práticas conservacionistas, como cultivo em faixas, sistema de plantio direto, uso de terraços e proteção de rios e nascentes”, recomendou. Também devem ser evitadas condutas que provocam compactação do solo, já que tais medidas melhoram os atributos físicos da terra, aumentando a infiltração e o armazenamento da água em profundidade.