BRASÍLIA ? Foram apenas poucos minutos que separaram no tempo as duas fotos abaixo, registros históricos da tarde de quarta-feira, que apontam para as forças divergentes no atual cenário político do Brasil. O primeiro retrato, cujo protagonista é o peemedebista Michel Temer, representa o poder vigente, no qual o PMDB predomina, com o controle do Executivo e do Congresso, e com o DEM, de Rodrigo Maia, assumindo papel fundamental na definição da pauta da Câmara, decisiva para as pretensões do novo governo. De ?intruso?, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, indicado por Lula e que recebeu a tarefa constitucional de comandar a sessão do impeachment, única razão para sua presença na simbólica imagem.
Logo abaixo, o cenário ganha tons avermelhados, indicativo claro do espectro político que se despede do poder. Com Dilma Rousseff à frente, petistas históricos, aliados fiéis e amigos do peito se unem em solidariedade à ex-presidente, enquanto ela indica, de viva-voz, o tom combativo que adotará para defender seu legado. Um discurso lido instantes depois de o Senado determinar o encerramento de seu governo e do projeto de poder petista.
Apenas a operação Lava-Jato cria pontes robustas entre as duas fotos. De comum, a presença de investigados pela corrupção nos contratos superfaturados da Petrobras, que mira pesadamente tanto no PT quanto no PMDB. De resto, hoje, não há mais nada que os aproxime.