CARTAGENA ? A menos de uma semana do referendo que pode encerrar o conflito entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano, a União Europeia e os Estados Unidos estudam uma possível mudança de postura em relação à guerrilha, considerada até agora por ambos como um grupo terrorista. Enquanto o bloco já toma a assinatura do acordo ? maracada para esta segunda-feira em Cartagena por Juan Manuel Santos e Timoleón Jiménez (Timochenko) ? como ponto de partida para retirar temporariamente as Farc da lista de organizações extremistas reconhecidas pelos países europeus, os EUA ainda devem esperar a implementação do pacto para possivelmente tomarem a mesma medida.
A União Europeia divulgou os planos através da embaixada do bloco em Bogotá. A suspensão temporária permitiria aos países da UE a ?ter contatos políticos com representantes da guerrilha, sobretudo quando constituírem-se como um movimento político?, uma ambição antiga das Farc que deve se realizar com a possível aprovação do acordo.
? No momento, nossos Estados-membros estão pensando em uma suspensão provisória (das Farc) da lista (de organizações terroristas) ? disse a embaixadora Ana Paula Zacarias em entrevista ao canal de televisão RCN. ? Com uma mudança de circunstâncias que veremos com a validação do acordo de paz e com a decisão desse grupo de deixar as armas e desmobilizar-se, creio que podemos ter as condições para que esse assunto possa se concretizar.
De acordo com ela, o grupo poderia sair definitivamente da lista através de um processo com duração de seis meses.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou nesta segunda-feira que seu país não está pronto para fazer o mesmo, mas vai estudar a medida quando as condições do acordo passarem a ser implementadas, após a possível vitória do ?sim? no plebiscito.
? Estamos claramente preparados para revisar na medida em que ocorrerem as mudanças ? afirmou Kerry, que acredita que os rebeldes ?vão aderir rapidamente? às condições. ? Estamos comprometidos com o êxito (do acordo). Não queremos deixar as pessoas em uma lista se não pertencem a ela.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, fez o pedido para os EUA durante as negociações com as Farc, que pretendem encerrar o conflito armado de mais de meio século. Kerry prometeu U$ 390 milhões a Santos para ajudar a implementar o acordo de paz.