ANCARA ? Autoridades turcas reconheceram pela primeira vez nesta segunda-feira que podem ter acontecido erros nas punições em massa realizadas após o golpe de Estado frustrado, medidas que foram amplamente criticadas pela comunidade internacional. Turquia
Ante o expurgo de diversos setores da sociedade turca, líderes europeus exortaram a Turquia a respeitar o Estado de Direito. Nesta segunda-feira, 11 militares foragidos foram detidos por suposto envolvimento em uma tentativa de capturar o presidente Recep Tayyip Erdogan durante a rebelião militar do mês passado.
? Se aconteceram erros, corrigiremos ? disse o vice-primeiro-ministro, Numan Kurtulmus.
A declaração de Kurtulmus representa uma nova posição da Turquia a respeito dos expurgos em massa que as autoridades aplicam no Exército, Judiciário, sistema de ensino e meios de comunicação desde a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho.
? Os cidadãos que não têm ligação com eles (os simpatizantes do pregador Fethullah Gülen, a quem Ancara acusa de instigar a revolta) devem ficar tranquilos porque nenhum mal será feito a eles ? completou Kurtulmus em uma entrevista coletiva.
O vice-premier, no entanto, advertiu que as pessoas vinculadas ao imã, exilado nos Estados Unidos, ?têm que ter medo e pagarão o preço?.
Um pouco antes, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, também afirmou que existia a possibilidade de que na caça às bruxas tenham sido cometidos abusos.
? Estamos aplicando um trabalho rigoroso sobre os que foram destituídos ? disse o chefe de Governo, que depois admitiu falhas. ? Alguns deles foram vítimas de processos injustos.
Durante as duas últimas semanas, mais de 18 mil pessoas foram detidas. Entre elas, quase 10 mil estão em detenção preventiva. Além disso, mais de 50 mil pessoas foram destituídas de seus postos de trabalho em vários setores públicos.