ANCARA ? Turquia e Israel assinaram um acordo nesta terça-feira para normalizar as relações após uma desavença que durou seis anos. O pacto, anunciado no dia anterior, termina com o impasse resultante de um episódio no qual 10 ativistas turcos pró-palestinos foram mortos por marinheiros israelenses quando tentavam chegar a Gaza de barco. O entendimento foi classificado como um sinal de esperança à estabilidade da região pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
A decisão vem como uma reaproximação rara no dividido Oriente Médio, impulsionada pela perspectiva de acordos de comercialização de gás no Mar Mediterrâneo e pelos temores crescentes causados pela ascensão do grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O pacto foi assinado oficialmente nesta terça-feira pelo subsecretário de Relações Exteriores turco, Feridun Sinirlioglu, em Ancara, e pelo diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Dore Gold, em Jerusalém, informaram as autoridades.
Em Roma, Netanyahu disse na segunda-feira ao secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que o acordo foi um passo importante. No entanto, ressalvou que o bloqueio marítimo que seu país impõe há 10 anos à Faixa de Gaza seguirá em vigor. Israel impõe um estrito controle sobre a entrada de produtos no enclave palestino para evitar que o Hamas receba materiais que possam ser utilizados para ataques contra Israel.
No mesmo dia, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que as duas nações designarão embaixadores o mais rápido possível ? provavelmente em uma ou duas semanas. O acordo ainda estabelece que a Turquia enviará ajuda humanitária e outros produtos de assistência a Gaza. O primeiro carregamento deverá levar 10 mil toneladas de suprimentos na próxima sexta-feira.
Por sua vez, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em visita a Jerusalém, declarou que este acordo é um importante sinal de esperança para a estabilidade do Oriente Médio, região mergulhada em uma série de conflitos e crises.
O acordo, politicamente delicado para os dois países, pode abrir caminho para acordos de comercialização de gás. Este ainda pode ser um alívio diplomático dos problemas turcos com a vizinha Síria e a Europa.
As relações entre Israel e a Turquia, que já foi seu principal aliado muçulmano, viraram alvo de tensão após fuzileiros navais israelenses terem tomado de assalto um navio turco e matado 10 ativistas que tentavam romper o bloqueio naval de Israel à Faixa de Gaza em maio de 2010.
Yildirim confirmou que Israel concordou em pagar US$ 20 milhões aos parentes das vítimas e feridos na operação de 2010. Em troca, a Turquia abandonará as ações judiciais contra os militares israelenses.
Três anos depois, Israel apresentou um pedido de desculpas, mas a tensão retornou um ano depois com uma nova ofensiva israelense na Faixa de Gaza.